“Apoio de uma marca estruturada, devidamente consolidada” foi essencial no arranque da MV Rebordosa, afirma Regina Castelo

Há pouco mais de um ano, Regina Castelo veio para o mundo do turismo ao abrir uma agência de viagens, a Mercado das Viagens Rebordosa, que dirige. O Turisver falou com ela para saber o que a levou a ingressar no setor, quais os problemas que sentiu no primeiro ano de atividade e quais os seus objetivos.
Regina, há quantos anos está ligada às agências de viagens?
Muito pouco tempo, fez um ano em outubro, portanto, é muito recente.
E o que é que a atraiu para investir nesta área?
Primeiro, porque eu sou uma pessoa que realmente gosta de viajar, que considera que viajar é um enriquecimento que nós não vamos buscar a mais lado nenhum, e poder proporcionar isso aos outros de uma forma segura, honesta, organizada, é uma mais-valia. Para mim, é uma alegria quando uma família, ou um jovem, ou uma lua de mel corre bem. Além disso, trabalhar com pessoas tão interessantes, que conhecem o mundo inteiro, que contactam umas com as outras, é um enriquecimento diário.
Abriu a sua agência há um ano e 3 meses. A fase inicial foi difícil?
Muito difícil, porque o mundo do turismo é muito complexo. Os destinos são imensos, os operadores são imensos, as possibilidades são muito mais do que aquelas com que nós sonhamos ou achamos que conhecemos. Portanto, sim, foi difícil.
Também é difícil, muitas vezes, conseguirmos ir ao encontro daquilo que o cliente quer. Há clientes que são específicos e dizem ‘eu quero isto’, e há clientes que dizem ‘sugira’. Aí ficamos um bocado inseguros porque podemos sugerir uma coisa que pode não correr bem ou que não se enquadra exatamente nas expectativas do cliente…, mas é aliciante porque é uma aprendizagem constante.
Como é que veio para o Mercado das Viagens?
Na altura eu fiz uma pesquisa, fiz estudo mercado, consultei outros franchisings e acabei por me identificar mais com o modelo de negócio, com a filosofia e mesmo com as pessoas do Mercado das Viagens. Portanto, foi uma ligação que correu bem, entendi que estava na mesma linha de pensamento em que ia a filosofia do Mercado das Viagens e, portanto, aqui fiquei.
Numa fase inicial é preciso ter também a perceção do apoio que é necessário ter?
Sim, e numa fase inicial é preciso muito apoio. Eu acho que, mesmo as pessoas que conhecem a área do turismo, precisam do apoio de uma marca estruturada, devidamente consolidada e com pessoas disponíveis para nos ajudar. De outra forma, é muito difícil. Mesmo com pessoas que venham da área do turismo, eu tenho dificuldade em acreditar que o consigam fazer sem uma estrutura como a do Mercado das Viagens a apoiar. Não é fácil.
“(…) não tracei uns objetivos muito elevados para um primeiro ano de atividade. Pensei que, num segundo ano sim, vamos ser mais ambiciosos, mas a verdade é que, por força também de toda esta estrutura, de todo este apoio, este primeiro ano correu bem”
Com apenas um ano de funcionamento da agência, não tem ainda comparativo, portanto, o que lhe pergunto é se o plano de vendas e negócio traçado para este primeiro ano foi ambicioso?
O meu plano de negócio não foi ambicioso, eu tinha muito receio e estava insegura, porque era uma área que eu não dominava muito bem. Acho que superei aquilo que eram as minhas expectativas. Trabalhámos árduo, eu e a minha colega de gabinete, a Isa, aprendemos muito. Os colegas foram incríveis, quer entre agências, quer a marca. E eu acho que superei, porque eu, muito honestamente, estava com muito medo e portanto não tracei uns objetivos muito elevados para um primeiro ano de atividade. Pensei que, num segundo ano sim, vamos ser mais ambiciosos, mas a verdade é que, por força também de toda esta estrutura, de todo este apoio, este primeiro ano correu bem.
Grande parte da programação para 2025 já está no mercado e em pré-vendas. Como é que está a correr?
Está a correr bem, ainda que, curiosamente, esteja a sentir que as pessoas estão mais receosas do que no ano anterior, talvez por força da conjuntura económica do país e da Europa. Estão, pelo menos, mais calculosas, dão-nos orçamentos mais baixos, embora depois acebem por ceder.
Acho que o ano passado nós ainda estávamos a viver um bocadinho a euforia do pós-Covid, e agora estamos a assentar um bocadinho na realidade, com uma conjuntura económica, tanto do país como da Europa, um bocadinho instável. Acho que o receio vem daí.
E o que é que se está a vender mais?
Está a vender-se muito produto para famílias, as férias de verão e os city breaks. Porque as pessoas, apesar de terem receio, continuam a considerar as férias cruciais. E são cruciais, nós precisamos de descansar. As férias em família, a meu ver, pelo menos na região em que nós estamos, é a prioridade. Se sobrar um bocadinho de dinheiro e de tempo, vamos fazer um city break, vamos fazer uma escapadinha Mas as férias em família são importantes. Nós temos famílias de 4, 5 casais a viajarem juntos.
E em termos de destinos?
As ilhas espanholas e as Caraíbas, são os destinos que mais nos pedem.
São dois patamares diferentes, ao nível do preço…
Na verdade, às vezes nem é muito diferente. Se estivermos em altura de campanhas, muitas vezes com uma diferença de 200, 300 euros, conseguimos umas Caraíbas, porque há pacotes Kids Friendly, há as campanhas Black Friday, as vendas antecipadas. Então as pessoas às vezes investem mais um bocadinho e cumprem o sonho de ir às Caraíbas.
“Vamos ao encontro de clientes, sim, primeiramente no online, mas somos uma loja de rua e considerando que estamos numa cidade pequena e muito bairrista, temos muitos clientes em loja. Não há dia nenhum que nós não tenhamos clientes em loja”
A vossa agência fica muito próxima do Porto?
Sim, Rebordosa fica no concelho de Paredes, estamos a 20 quilómetros do Porto, na Área Metropolitana.
Então enfrentam uma concorrência grande?
A concorrência é grande, sim, no Vale do Sousa, a área onde estou inserida, há imensas agências. Em Rebordosa, na cidade onde estou, não. Fiz um estudo de mercado, não existia nada e por isso fui para lá, mas no Vale do Sousa há muitas agências, muito bem consolidadas, nomeadamente no turismo corporativo porque temos um tecido empresarial grande. Temos agências que já estão a trabalhar há 20, 30 anos e que estão muito bem no mercado.
Vocês fazem só o passante, na loja, ou vão ao encontro de clientes?
Vamos ao encontro de clientes, sim, primeiramente no online, mas somos uma loja de rua e considerando que estamos numa cidade pequena e muito bairrista, temos muitos clientes em loja. Não há dia nenhum que nós não tenhamos clientes em loja. Há lojas que dizem que vendem maioritariamente online mesmo estando na rua, nós não. Temos muito cliente de rua e temos muito ‘passa a palavra’, clientes que vão por indicação de outros.
Eu faço um plano, sei quais são os clientes que nos chegam pela publicidade que fiz na rádio, pelos panfletos, pela publicidade online, e maioritariamente este ano os clientes que nos chegam são por indicação de outros, e estamos felizes com isso.
O seu plano de negócios para este ano já é mais ambicioso?
Este ano fui mais ambiciosa, temos um plano mais ambicioso e vamos tentar, devagarinho. Temos consciência de que precisamos de tempo para nos consolidarmos e para dominarmos o mercado.
Para este ano ainda não definimos um objetivo em valor, definimos em número de files, ou seja, em número de vendas porque queremos, nestes primeiros dois anos, consolidar clientes, criar uma carteira de clientes.
Então, o principal objetivo não é em valor monetário, mas sim em número de clientes consolidados. Por isso é tão importante que a maioria dos nossos clientes venham até nós porque alguém lhes deu essa indicação, porque está a cumprir aquilo que são os nossos objetivos.