Apetência para viagens de longo curso continua bastante abaixo de 2019

O relatório da ETC sobre viagens de longo curso revela que a intenção de fazer viagens de longa distância permanece fraca nos principais mercados. Fracas perspetivas económicas, preços das tarifas, Covid e, de certo modo, a guerra na Ucrânia, são as razões apontadas.
De acordo com o estudo da European Travel Commission, o apetite dos principais mercados extra europeus, nomeadamente, Brasil, Canadá, China, Japão, Rússia e Estados Unidos, para viajarem para a União Europeia no verão deste ano “permanece abaixo dos valores da pandemia”, embora tenha melhorado um pouco face ao ano passado. Entre os mercados analisados, apenas o Brasil continua em alta em termos do desejo de visitar a Europa.
A guerra na Ucrânia é um dos motivos apontados, embora a ETC apenas considere que tenha importância no que se refere à China e à Rússia, já que a maioria dos entrevistados (76%) afirmou que o conflito não afetou sua intenção de viagem. Os resultados mostram que as preocupações com o COVID-19, os custos relacionados a viagens e a falta de ligações convenientes são os principais impedimentos para viagens de longa distância neste verão.
“A ETC está satisfeita por ver que o sentimento das viagens de longo curso está a melhorar gradualmente à medida que o mundo continua a recuperar da pandemia – embora a um ritmo lento”, comenta o presidente da European Travel Commission (e presidente do Turismo de Portugal), Luís Araújo.
O responsável sublinha também que “é animador que o conflito em curso na Ucrânia não se tenha transformado num impedimento das viagens internacionais para a Europa” que, sublinha, “continua a ser um destino de viagem seguro e atraente”.
Ainda assim, Luís Araújo deixa claro que “as consequências do conflito, como o aumento do custo de vida e os custos relacionados com as viagens, estão a dificultar a recuperação do setor”. Por isso “promover a Europa nos mercados estrangeiros e restaurar a mobilidade internacional será crucial para a recuperação do setor em 2022″.
Brasil é o único mercado que mantem praticamente intacto o desejo de viajar para a Europa
O mercado russo é dos que está em falta nos destinos da União Europeia e, neste caso, a guerra na Ucrânia e as sanções impostas à Rússia são a causa primeira para que o interesse dos turistas russos em visitar a Europa tenha atingido o nível mais baixo alguma vez registado.
No curto prazo, mais da metade dos russos pesquisados (60%) não planeia viajar para fora da sua zona de conforto, com 20% a afirmar que tem planos para viajar mas não para a Europa.
Também 19% dos chineses dizem que foi a guerra na Ucrânia que os dissuadiu de viajar para a Europa, muito embora a Covid tenha sido a razão apontada por 30% dos respondentes chineses
Já nos Estados Unidos, o índice da vontade de viajar manteve-se estável em relação ao verão passado embora o anseio por viajar para a Europa tenha caído. A principal razão apontada reside no impacto da inflação nas finanças pessoais e no aumento dos custos de viagens.
Junho e agosto provavelmente serão os meses mais populares para os americanos que planejam férias na Europa. No entanto, mais da metade dos americanos que declararam sua intenção de viajar para a Europa durante a temporada de verão ainda não fizeram reservas.
A hesitação abrange os canadianos já que a maioria também ainda não fez reservas para o verão, apesar de terem apontado como preferência os destinos europeus de França, Itália e Reino Unido
Em baixa no que se refere à vontade de viajar em longo curso, nomeadamente para a Europa, está também o mercado japonês, onde apenas 14% dos entrevistados planeia fazer uma viagem à região este verão. Em particular, 41% dos entrevistados apontaram as más ligações aéreas entre a Europa e o Japão como o principal motivo por não visitar a Europa, situação esperada após o cancelamento de muitos voos entre as duas regiões do mundo devido a preocupações sobre o uso do espaço aéreo russo após a guerra russo-ucraniana. Para aqueles que desejam fazer viagens mais longas para chegar à Europa os destinos mais atrativos são Itália, França, Alemanha e Reino Unido.
Apenas os brasileiros não desdenham fazer uma viagem de longo curso este verão para visitar a Europa. De acordo com o estudo, a retoma dos voos para destinos europeus populares influenciou positivamente o sentimento de viagem, com metade dos inquiridos a preparar-se para visitar a Europa nos próximos quatro meses. Destes, 45% já reservaram os seus bilhetes de avião.