Apesar do conceito “superinteressante” Programa Revive não trouxe “praticamente nada de novo”, diz Jorge Rebelo de Almeida
Jorge Rebelo de Almeida falava na apresentação do projeto do Vila Galé Collection Tejo, na passada sexta-feira, na Golegã, onde, respondendo a uma pergunta do Turisver, fez algumas críticas ao desenrolar do programa Revive, nomeadamente em termos da demora na aprovação dos projetos e na falta de uma linha de financiamento que pudesse atrair investidores.
Apresentado na passada sexta-feira, dia 8 de novembro, o Vila Galé Collection Tejo, na Golegã, será mais um exemplo de um hotel que vai ter por base a recuperação de património degradado, tão ao gosto do presidente do Grupo, Jorge Rebelo de Almeida que sempre tem afirmado gostar de fazer hotéis no interior, para que este se desenvolva e para retirar carga turística do litoral.
Isto porque, na sua opinião, “o turismo também tem que ter essa preocupação que é não causar incómodos” aos residentes e “para isso é fundamental que se dispersem [os turistas], que vão para o interior”, defendeu, afirmando, no entanto, que para isso ser possível “é preciso ter uma estratégia”, o que “é mais fácil no papel mas na prática, no terreno, é bem mais difícil – é difícil inverter estes ciclos”.
Porque a recuperação de património e a sua adaptação à atividade turística é também um dos grandes objetivos do Revive, o Turisver perguntou ao presidente da Vila Galé, grupo a que foi atribuído o primeiro projeto no âmbito do Revive, o que é que este programa trouxe de novo, e para Jorge Rebelo de Almeida trata-se de um instrumento que não trouxe “praticamente nada” de novo.
“O Programa Revive apareceu com um grande entusiasmo de uma senhora que era secretária do Estado do Turismo” [Ana Mendes Godinho], afirmou, recordando, no entanto, que mesmo antes do Revive já a Vila Galé tinha “recuperado várias coisas”, nomeadamente o Palácio dos Arcos Em Paco de Arcos), que é anterior ao lançamento do programa. “Nós fomos pioneiros” na recuperação de património para a hotelaria, sublinhou.
Ainda assim, o Grupo candidatou-se a vários concursos no âmbito deste programa, nomeadamente ao de Elvas, que “foi o primeiro Revive”, com Rebelo de Almeida a assinalar, no entanto, que “curiosamente, as nossas negociações com a Câmara de Elvas até já vinham de tempos anteriores. Mas, digamos que Elvas é o primeiro Revive”.
Em termos de obra feita, disse, o projeto da caudelaria de Alter foi “o segundo Revive e o terceiro só abriu quatro anos depois do último dos nossos ter aberto”. Afirmando que depois de Alter, que abriu em 2020, em plena pandemia, só mais três dos projetos Revive foram abertos, Rebelo de Almeida, que considera o conceito “superinteressante”, afirmou que o problema da falta de atratividade que tem deixado vários concursos vazios, reside na sua própria aprovação e no facto de o programa não ter criado “uma linha de financiamento atraente e uma taxa melhorada para atrair investidores para os Revive”, situação que coloca logo de fora quem não tenha recursos financeiros suficientes. A isto acresce ainda o problema dos licenciamentos que torna demasiado morosa a aprovação dos projetos.