António Trindade: “Há 30 anos éramos facilmente comprados, agora passámos a vender”

Se antes os hotéis eram ‘comprados ‘pelos operadores, hoje são eles que se vendem ao cliente final, e esta foi, para o CEO do Grupo PortoBay, uma das grandes evoluções verificadas nos últimos anos. O empresário falava na mesa redonda “Evolução e inovação na hotelaria: Da história à visão de futuro na Madeira e no país”, no congresso da AHP que decorre no Funchal.
Produto, promoção e pessoas, são os 3 Pês que servem de pilar e de afirmação ao Grupo PortoBay e é através deles que se concretiza a busca incessante por uma excelência que é diferenciadora, e pela inovação, disse António Trindade, CEO do Grupo PortoBay Hotels & Resorts, ao intervir na mesa redonda “Evolução e inovação na hotelaria: Da história à visão de futuro na Madeira e no país”, realizada no primeiro dia do Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo, que decorre na Madeira.
Referindo-se ao pilar “produto”, António Trindade deixou claro que ele evolui no tempo, e exemplificou, recordando que há apenas alguns anos, a perceção de um bom produto turístico pelo cliente mais não era do que “a boa cama e a boa mesa”, enquanto hotel “as experiências são fundamentais” e são elas que moldam o produto e a sua capacidade de diferenciação.
Defendendo que “o principal sustento de uma marca são os seus produtos”, o CEO do Grupo PortoBay exemplificou falou da criação de submarcas na cadeia hoteleira, caso dos bistrôs, sublinhando, a propósito que a preocupação do grupo hoteleiro tem sido a de “fazer crescer a marca mas não desiludir com produto a marca que temos”.
Sobre o «P» “promoção” falou numa lógica de distribuição para salientar uma das principais mudanças verificadas nos últimos anos: o facto de um hotel ter deixado de ser “facilmente comprado” para ser ele próprio vendedor. Dito de outra forma, o mundo deixou de ser dos charters e dos operadores para ser do cliente:
Antes o operador comprava os hotéis, hoje os hotéis vendem e esta alteração é o desafio que agora se coloca ao sector: “Há 30 anos éramos facilmente comprados, agora passámos a vender”, afirmou.
Sobre o último «P», as pessoas, o empresário falou da preocupação com a formação, da dignificação e da valorização de carreiras.
Alojamento Local é importante mas tem que ser regulado
Considerando que o Alojamento Local foi importante para fixar turistas à Madeira, António Trindade afirmou, no entanto, que este devia ser regulado por uma entidade especifica e única que defina metas para o crescimento. A propósito recordou que há alguns anos o tema das 600 camas do Savoy fopi alvo de debates, quando o ano passado abriram na Madeira 6.800 camas de alojamento local e ninguém falou disso.
A propósito referiu que se aponta sempre que a meta para a Madeira são 40 mil camas “mas neste momento já há 60 mil; 30 mil hoteleiras, e 30 mil de AL”.
O CEO da PortoBay referiu-se também ao tema do momento: as taxas turísticas, para vincar que uma coisa é a sua implementação outra é aquilo que se vai fazer com ela.