Anabela Freitas quer mais empresas ‘Turismo 360º’ com gestão ESG no Centro de Portugal
A vice-presidente da Turismo Centro de Portugal falava na abertura do 12º Congresso da APECATE, dia 25 de novembro, em Tomar, subordinado ao tema “Liberdade e Turismo – 50 anos depois do 25 de Abril”. Na mesma sessão, o presidente da APECATE alertou para as questões prioritárias na área dos eventos, congressos e animação turística e o secretário de Estado do Turismo desmontou mitos que se associam ao setor.
Na ocasião, Anabela Freitas começou por destacar o papel essencial das empresas no crescimento turístico da região: “O Centro de Portugal apresenta números excecionais nos principais indicadores da atividade turística, que não seriam alcançados se não fosse o trabalho de todas as empresas do setor do turismo. Estão de parabéns as empresas, porque estão a trabalhar bem, e também as populações, porque o dinheiro gerado pelo turismo fica nos territórios”, sublinhou.
A responsável aproveitou a oportunidade para lançar dois desafios aos congressistas: aumentar de forma sustentável o número de empresas Turismo 360º com gestão ESG no Centro de Portugal; e potenciar o turismo de natureza e ecoturismo ao longo de todo o ano: “O Centro de Portugal tem mais de 1300 ativos naturais. Temos de conseguir conciliar a proteção dos recursos naturais com a atividade económica, que deve ser permitida durante todo o ano e não apenas em alguns períodos”, disse.
Presidente da APECATE lamenta falta de envolvimento das associações empresariais nos processos de decisão pública
Por sua vez, o presidente da APECATE, António Marques Vidal reconheceu os avanços alcançados nas últimas décadas, mas alertou para questões estruturais que precisam de ser resolvidas, nomeadamente a excessiva burocracia. “No setor dos congressos, dos eventos e da animação turística, sentimos que este país continua a funcionar de uma maneira desarticulada. Muitas vezes temos de pedir a mesma autorização a três entidades diferentes, o que não faz sentido, é desperdiçar energias”, disse.
Além disso, lamentou a falta de envolvimento das associações empresariais nos processos de decisão pública: “É urgente exigir que as associações empresariais tenham assento em todos os processos. É preciso acabar com a cultura de que as entidades do Estado só se consultam a si mesmas, até porque a evolução, o saber e o conhecer está muitas vezes mais fora do Estado do que dentro. A APECATE está pronta para isso, para trabalhar, pensar e procurar soluções”.
O presidente da APECATE apontou ainda como prioridade a revisão do IVA do setor dos eventos, atualmente a 23%, propondo uma taxa equiparada ao desporto e à cultura, que é de 6%, de modo a promover o investimento e a sustentabilidade.
SET desmonta mitos sobre salários baixos, excesso de turismo, migrantes como ameaça ao emprego e impacto na habitação
A terminar a sessão de abertura, o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, realçou o momento positivo do setor em Portugal. “Portugal vive um momento extraordinário no Turismo. Portugal posiciona-se hoje diretamente em 25 mercados internacionais, com 22 produtos turísticos, e espera no final deste ano mais de 27.000 milhões de euros de receitas, muito acima daquilo que era expectável. Este momento deve-se muito às empresas e aos empresários, mas também à consistência e à previsibilidade que a política pública tem tido nas últimas décadas nesta área. Há poucos setores que tenham esta consistência e solidez na estratégia nacional”, elogiou.
O governante desmontou ainda quatro mitos frequentemente associados ao setor, a começar pelo alegado predomínio de salários baixos – “entre 2017 e 2023, a economia portuguesa cresceu entre 2 e 2,5%; no mesmo período, os salários do alojamento e da restauração cresceram entre 5 e 5,3%. É este caminho que queremos prosseguir”.
Outro mito é o “excesso de turismo”. Pedro Machado exemplificou com o Centro de Portugal, o Alentejo, os Açores e outras regiões, onde a estadia média global não ultrapassa os 50%. “Quando se fala em turismo a mais, está a referir-se aos dois ou três focos em que há essa pressão, que queremos aliviar”, considerou.
Um terceiro mito é a entrada de migrantes como ameaça ao emprego dos nacionais. “A verdade é que há falta de mão de obra no setor. Portugal não tem recursos humanos suficientes para responder ao aumento da procura e, por isso precisa de encontrar soluções fora de Portugal. São migrantes que contribuem para a estabilidade da segurança social”, explicou.
O quarto mito desmontado pelo governante foi o do impacto do turismo no acesso à habitação: “Não há qualquer relação direta entre o crescimento da procura turística e o défice de habitação em Portugal”.
Pedro Machado respondeu ainda a alguns desafios deixados pela APECATE, nomeadamente em relação a um Decreto-Lei que regule a atividade destas empresas. “Estamos a conseguir atrair grandes eventos internacionais para Portugal, mas falta fazer algum trabalho de casa. E é esse trabalho que estamos a fazer com a APECATE. Precisamos de criar este Decreto-Lei e percebo o enquadramento do desafio da APECATE. Precisamos de trabalhar este tema também com a APAVT e com a ASAE, porque há transversalidade na ação, mas fica aqui este compromisso: a vossa ambição é a nossa ambição. Mais do que organizarem congressos e construírem projetos de animação turística, as empresas deste setor têm a capacidade de os fazerem nos quatro cantos do nosso país, mesmo naqueles territórios mais improváveis”, concluiu.