Ana Teresa Matos: Do sonho de pilotar um F-16 ao prémio de Melhor Diretor de Hotel nos Xénios
Ana Teresa Matos, diretora-geral dos hotéis PortoBay Flores e PortoBay Teatro, duas unidades do Grupo PortoBay Hotels & Resorts na cidade do Porto, foi a grande vencedora dos Prémios Xénios 2023 – Excelência na Hotelaria, iniciativa da ADHP, na categoria de Melhor Diretor de Hotel. O Turisver falou com Ana Teresa Matos para ficar a conhecer quem é esta profissional.
Quando é que a Ana Teresa decidiu entrar nesta profissão?
Eu decidi entrar nesta profissão em 1995, altura em que comecei a estudar Hotelaria na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.
O meu sonho era ter ido para a Força Aérea, mais precisamente pilotar os F-16 mas vejo muito mal e isso fez-me mudar o rumo da minha vida, tendo-me apaixonado pela hotelaria.
Foi uma decisão muito minha, já que não tenho ninguém na família a trabalhar nesta área. Penso que me apaixonei pela hotelaria durante umas férias.
Formei-me no Estoril e comecei logo a fazer lá extras na área do F&B, porque queria aprender um pouco mais. No primeiro ano fiz estágio no Grupo Solverde, nas áreas de cozinha, F&B e bar. No segundo ano fui para o Reid’s Palace, na Madeira e depois fui para o Sheraton, em Santiago do Chile.
O Estoril era a única escola que dava um curso superior de Direção e Gestão Hoteleira mas era bacharelato e na altura em que estava em Santiago do Chile a fazer reservas internacionais – estava num hotel que adorava e queriam que eu ficasse – o curso do Estoril passou para licenciatura bietápica, por isso regressei para iniciar a licenciatura. Nessa altura comecei a trabalhar na Quinta Patino e depois fui para Aveiro para fazer a tese e trabalhei lá num hotel pequeno.
Depois fui para o Penha Longa, quando ainda pertencia à Aoki Corporation e que entretanto foi vendido à Ritz Carlton. Com a Ritz Carlton andei um pouco por todo o mundo porque já fazia parte da equipa que fazia as reaberturas dos takeover em todo o mundo. Andei pelas Ilhas Virgens, por Tenerife… foi uma experiência espetacular.
Entretanto convidaram-me para ir para subdiretora do Choupana Hills na Madeira. Quando saí convidaram-me para ir para o Rio de Janeiro, onde estive em dois hotéis Marina, no Leblon, tendo sido responsável pelo hotel mais pequeno. Apaixonei-me pelo Rio de Janeiro mas sentia a necessidade de uma maior evolução. Tinha o sonho de trabalhar no Emiliano, um hotel de grande luxo em São Paulo e estive nesse hotel como diretora de duty management e dos novos desenvolvimentos e entretanto voltei para Portugal. Entretanto casei e fui para a Madeira.
Do mundo até à ilha da Madeira e ao Grupo PortoBay
Foi então que ingressou no Grupo PortoBay?
O Dr. António Trindade chamou-me logo e eu aceitei, tendo ficado como diretora de alojamento do Vila Porto Mare, que são três hotéis em um, com quase 500 quartos. Fui um pouco a medo porque se tratava de um quatro estrelas e o meu mercado sempre foi o luxo mas quando cheguei verifiquei que não se tratava de um quatro estrelas qualquer, era um “plus” com um serviço de excelência. Foi uma experiência fantástica, até porque a minha única experiencia de resort era o Penha Longa que não tinha nada a ver com o Vila Porto Mare, além de que o facto de se tratar de um destino mais consolidado e mais sénior foi para mim muito “fora da curva”.
Entretanto, o Grupo PortoBay abriu o Hotel das Flores, um hotel de cinco estrelas na Rua das Flores, no Porto e sabendo que sou do Norte, apesar de que não estava lá desde 1995, convidaram-me e eu aceitei. Simultaneamente o Grupo PortoBay comprou o Hotel Teatro e no mesmo ano acabei por ser “mãe” três vezes: mãe da minha filha, do PortoBay Flores e do PortoBay Teatro.
Estava à espera de vencer o prémio de Melhor Diretor de Hotel nos Xénios?
Não estava nada à espera até porque sou muito low profile e como estive muito tempo fora, grande parte da minha carreira foi feita no estrangeiro, não esperava mas fiquei muito feliz e os que me rodeiam também. Sou muito “formiguinha”, muita agarrada ao trabalho e dizia que ninguém me conhecia e que por isso ninguém ia votar em mim, principalmente um júri.
Agora com este prémio, a Ana Teresa Matos passa a ser uma pessoa importante?
Nunca, jamais serei uma pessoa importante, mas vou pôr ainda mais paixão naquilo que faço. Sempre tive sorte com as equipas que me têm rodeado, são eles que fazem chegar todos os dias a sorrir, ter vontade de voltar no dia a seguir e inventar mais uma coisa. Gosto sempre de inventa, de fazer coisas novas porque acho que conseguimos sempre fazer melhor – esse é o meu dia a dia. Primeiro do que tudo tenho que olhar para os meus, para a minha equipa e se a minha equipa tiver a noção do que é passar a paixão deles para os de fora então há tudo para correr bem.
Estamos numa fase em que ter clientes não é uma dor de cabeça. Perspetivava que o turismo português pudesse voltar tão depressa a atingir este pico?
Não tive nenhum receio, mesmo em 2022, quando estava toda a gente ainda muito reticente, eu não esperava nada de mau mas a verdade é que, tal como no início deste ano, ninguém estava à espera que fosse tão bom.
Ainda está aberta a novas aventuras?
Sempre estarei, embora esteja um pouco mais calma por causa minha filha – quando fez três anos, a minha filha já tinha andado em cinco escolas. Hoje também começo a achar que a estabilidade é importante, mas o futuro dirá – sempre enfrentei tudo de uma forma muito calma.