Alexandre Marto: A JMJ vai ter “um impacto económico enorme na hotelaria”
De 1 a 6 de agosto, Lisboa recebe a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um encontro dos jovens de todo o mundo com o Papa e que é, simultaneamente, uma peregrinação e uma festa. São esperados mais de 1,5 milhões de jovens e o impacto será grande em vários sectores e não só na capital, como disse ao Turisver Alexandre Marto Pereira, CEO do Fátima Hotels Group.
“A Jornada Mundial da Juventude vai realizar-se em Lisboa mas vai ter um impacto em toda a Península Ibérica, não será apenas em Portugal”, começou por nos afirmar Alexandre Marto Pereira, CEO do Fátima Hotels Group no âmbito de uma entrevista que o Turisver irá publicar em breve.
Este ‘alastramento’ geográfico do impacto da Jornada tem a ver, segundo Alexandre Marto, com várias situações, a começar pelo facto de Lisboa não ter capacidade aeroportuária suficiente para receber tanta gente, pelo que, os jovens que vão deslocar-se a Lisboa à partida de todo o mundo, “irão aterrando em Madrid ou até mesmo em Paris, e depois virão para cá”. Tanto assim é que o nosso entrevistado disse ter notícia de que, ainda a cerca de seis meses do evento “muitos já se começam a queixar de que nem sequer encontram autocarros ou outras formas de locomoção em Portugal”, pelo que acabará por ser mais fácil aterrar noutro país e seguir depois viagem para Lisboa, de autocarro ou outro meio.
Para Alexandre Marto a situação de escassez de autocarros para alugar para aquelas datas não é surpreendente: ”De certo modo isso é normal porque haverá que transportar para Lisboa mais de milhão e meio de pessoas, não apenas estrangeiros mas também os grupos de jovens portugueses. Isto fará com que muitos jovens da Europa venham em autocarro logo à partida de outras cidades fora de Portugal”. E é neste contexto que se alarga o impacto (nomeadamente em termos da economia do turismo) da Jornada em termos geográficos, uma vez que, segundo o hoteleiro, “todos aqueles que aterrem, por exemplo, em Madrid, irão certamente fazer circuitos ibéricos”.
Por via disso, adianta Alexandre Marto, “várias instituições da Igreja estão a preparar pré-jornadas, o Santuário de Fátima é uma delas”, o que significa que “vão existir atividades desenvolvidas pela Igreja que garantem que estes jovens irão ficar aqui [em Fátima] no período que antecede a Jornada Mundial da Juventude e muito deles também irão ficar no pós-Jornada para visitarem país, neste caso não necessariamente em atividades religiosas mas em atividades lúdicas e culturais”.
Fátima vai sentir um impacto enorme em Agosto com a realização da JMJ
É por tudo isto que o CEO do Fátima Hotels Group diz estar certo de que a hotelaria em Fátima e não só, irá sentir “um impacto enorme na semana anterior e na semana posterior à Jornada”, e sublinha mesmo que irá tratar-se de “números gigantescos”, a todos os níveis. Isto porque “mesmo que venha um milhão e meio de pessoas – eu acho que vêm mais – e que apenas 10% dessas pessoas pernoitem em hotéis, são mais 150 mil noites, o que terá um impacto económico enorme na hotelaria, a que se soma o impacto direto na alimentação”, acentua. “É verdade que muitos jovens poderão dormir em tendas mas por certo irão a restaurantes, frequentarão museus, irão a lojas e o impacto económico de tudo isso será extraordinário”, defende.
Fátima, mundialmente conhecida como Altar do Mundo, irá ser das cidades mais positivamente impactadas pelo evento, e a vários níveis, como explica o nosso interlocutor. “Além do impacto que, em termos temporais, será limitado àquelas três semanas, haverá uma exposição enorme em termos mediáticos. Ora uma tão grande exposição mediática tem repercussões no futuro, direta e indiretamente, porque a grande maioria destes jovens que vem a Portugal nesta altura, irá querer regressar mais tarde, que é o que tem acontecido com outras cidades que receberam a Jornada”.
A propósito, Alexandre Marto recorda o que aconteceu com Cracóvia, na Polónia, quando recebeu este megaevento: “Em Cracóvia, quando fizeram a Jornada Mundial da Juventude, foi estimado que a exposição mediática pudesse representar cerca de 200 milhões de euros. Nos inquéritos então feitos, a esmagadora maioria dos jovens participantes dizia que queria voltar”. O impacto foi tal que “Cracóvia até já fez uma campanha convidando os jovens que estiveram na Jornada a regressar e a experimentar de novo a cidade. Ou seja, em Cracóvia a Jornada correu muito bem sob este ponto de vista e acredito que aconteça o mesmo em Portugal”.
Para um destino como Fátima a exposição mediática internacional será enorme
Para um destino como Fátima, a exposição mediática é fundamental e o seu peso foi sentido nos anos que se seguiram a 2017, ano em que se comemorou o centenário das Aparições, com a presença do Papa Francisco.
“Em 2017, quando atingimos em Fátima 1,2 milhões de noites, pensámos que poderíamos entrar numa quebra muito forte, num declínio muito acentuado e na verdade houve quebra mas em 2019 continuávamos acima de um milhão de noites, o que nunca tinha acontecido”, conta Alexandre Marto, que está crente em que “uma parte desses números se tenha ficado a dever à comunicação da qualidade do destino, tanto ao nível da hotelaria como da segurança e do produto turístico”.
Esta situação, diz, leva-o a “acreditar que muitos dos jovens que nos farão uma visita por alturas da Jornada Mundial da Juventude, regressarão nos anos seguintes, eventualmente com a família, para reviverem o país ou para descobrirem o país já não no âmbito de uma visita de juventude religiosa mas numa visita de férias, lúdica ou cultural”.