Alentejo vai ser apresentado aos buyers que vão estar na BTL 2025, disse José Santos ao Turisver
A iniciativa ‘Alentejo de Corpo e Alma em Lisboa’, uma parceria entre o Turismo do Alentejo e a Vila Galé, foi o ponto de partida para a conversa do Turisver com o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, José Santos. Entre outros temas, quisemos saber como está a correr o ano turístico na região, em ocupação e receitas, e falámos de novos investimentos hoteleiros.
O que é, exactamente, esta iniciativa ’Alentejo de Corpo e Alma em Lisboa’ e que objetivos visa atingir?
Estamos a falar de uma iniciativa em parceria entre o Grupo Vila Galé, que tem mais de mil camas no Alentejo, e a Entidade Regional de Turismo, uma parceria que consideramos muito interessante, numa lógica de win-win, que é como as contas devem funcionar no turismo.
Por um lado, viemos apresentar a nossa oferta turística. Tivemos um almoço com imprensa e, na parte da tarde, um workshop B2B com 16 empresas da animação e do enoturismo do Alentejo e também 46 DMCs, operadores e agentes de viagens portugueses, que vão contactar de perto com a nossa oferta, por isso, está aqui também uma dimensão do negócio.
Depois, ainda nesta quinta-feira, há um jantar mais emocional com os nossos parceiros, muitos fornecedores que trabalham connosco e teremos a presença do senhor secretário de Estado do Turismo que marcará, com a envolvente do Cante alentejano e do artesanato ao vivo, o início destes quatro dias do Alentejo em Lisboa.
De certa forma, trata-se da antecipação da nossa presença na Feira Internacional do Artesanato, na FIA, em que vamos estar de 29 de junho a 7 de julho, com muito Cante alentejano, numa parceria com a Casa do Alentejo, para potenciar muitos grupos de cantar alentejano aqui da Zona da Diáspora. Portanto, desta vez os grupos não vêm apenas do Alentejo, são da Diáspora, da margem sul, mas também grupos que existem na Zona da Oeiras.
Uma grande festa alentejana, o tal Corpo e Alma, para que continuamos a consolidar esta ideia que o nosso marketing tem seguido de uma forma muito consistente, que é ‘Alentejo, o destino preferido dos portugueses, destino convidado da BTL 2025, e uma zona de eleição para os portugueses passarem as suas férias.
“Portanto, otimistas, realistas, e o que temos que fazer é aumentar a promoção, e é isso que estamos a fazer: nós duplicámos o orçamento de promoção do Alentejo nesses últimos dez meses, desde que estamos em funções, e ainda sem termos fundos europeus, ou seja, continuamos a fazê-lo com base nas receitas próprias, nas receitas do Orçamento de Estado e nas verbas que o Turismo Portugal nos transfere”
Até ao final de abril, que são os números mais recentes já conhecidos, como é que está o Alentejo em termos turísticos e quais são as perspetivas?
Estamos com um crescimento muito semelhante ao ano passado, estabilizámos o crescimento no mercado nacional, já se conseguiu neutralizar o efeito da Páscoa, porque em março os dados não eram reais. Em termos globais temos um crescimento de 0,8%, o que é uma estabilização, mas no mercado nacional também estabilizámos (até abril temos -0,5% de dormidas) mas no mercado internacional estamos a crescer 3,5% no acumulado dos quatro primeiros meses do ano.
Olhamos para o resto do ano de uma forma muito otimista, até porque tivemos em abril o segundo maior ADR, portanto, fomos o destino que apresentou uma receita por quarto vendido mais alta e aquilo que nos chegam dos hoteleiros é perspetiva de reservas muito interessantes.
Provavelmente não cresceremos ao nível de 2023, mas tivemos um crescimento de 7,2% nos proveitos neste primeiro quadrimestre e aquilo que sentimos é que o Alentejo continua a ser muito procurado pelos turistas nacionais e pelos turistas internacionais.
Portanto, otimistas, realistas, e o que temos que fazer é aumentar a promoção, e é isso que estamos a fazer: nós duplicámos o orçamento de promoção do Alentejo nesses últimos dez meses, desde que estamos em funções, e ainda sem termos fundos europeus, ou seja, continuamos a fazê-lo com base nas receitas próprias, nas receitas do Orçamento de Estado e nas verbas que o Turismo Portugal nos transfere.
Vamos ter um segundo semestre muito intenso, com a Feira Internacional do Artesanato, um grande festival de caminhadas entre 10 a 13 de outubro, um grande festival de turismo literário em novembro, muitas iniciativas para promover o Alentejo no mercado nacional e também, obviamente – aliás, é um trabalho complementado pelos nossos colegas da Agência Regional de Promoção Turística – dos mercados internacionais.
Fala-se que nos próximos três anos o Alentejo vai ter cerca de 10 mil camas turísticas a mais do que tem atualmente. Confirma este número?
Bem, só no Alentejo Litoral o Pipeline de Desenvolvimento dos Projetos aponta para 20 mil camas entre três a cinco anos, portanto, vamos ver. Repare que nos últimos dez anos, entre 2013 e 2023, a região do país que mais cresceu, em termos da taxa de crescimento médio anual, quer na oferta, quer na procura, foi o Alentejo. Quebrámos aquele mito de que nunca sairíamos dos 4% e neste momento já temos uma quota nacional de 4,4% na procura e de 6,1% na oferta.
Para nós não é assim tão relevante saber se são mais 10 mil, se são mais 15 mil camas, o importante é constatar que o Alentejo está a crescer e ainda ontem [quarta-feira, 19 de junho] estivemos, como senhor secretário de Estado do Turismo, a abrir duas novas unidades no Baixo Alentejo: a Amada Moura, uma unidade com apenas 9 quartos e no conceito de hotel boutique; e a Quinta do Paral, 23 quartos de topo. Portanto, estamos muito vocacionados para termos mais camas e de muita qualidade porque o que o Alentejo dá é qualidade. E acreditamos que o Alentejo será, já é, mas continuará a ser, o destino preferido dos portugueses.
Portalegre precisa de mais oferta hoteleira para se promover mais e melhor
Quando se fala do Alentejo com algumas personalidades da região, diz-se sempre que o Alto Alentejo é o parente pobre. O que é que pensa fazer para contrariar esta situação?
Eu compreendo aquilo que diz, porque 60% das dormidas na região são em 10 concelhos. É por isso que nós colocámos em março os nossos roteiros de investimento. Temos, numa primeira fase, 5 municípios que têm alguns imóveis públicos, que os querem afetar à exploração hoteleira, que querem atrair investidores, mas não sabem nem conseguem. Nesse sentido, contratámos uma equipa técnica especializada e estamos no terreno com esses concelhos.
Um desses municípios é Portalegre. Nós precisamos de criar mais oferta hoteleira, mais camas turísticas, porque para promovermos o território, para atrairmos mais turistas, precisamos de requalificar e de aumentar.
Dou-lhe o exemplo de Santarém, no Ribatejo. O último hotel que abriu no centro de Santarém foi em 1992. O último hotel que abriu em Santarém, em 2008, foi o hotel da Ameira, na zona rural. Não é possível. Se nós queremos incrementar o turismo, e isso pode ser para Santarém ou para Portalegre, nós precisamos de aumentar o número de camas. Portalegre tem mais hotéis novos, mas precisamos de ter mais camas turísticas.
Pode olhar-se para o Alto Alentejo e pensar-se em fazer algo semelhante ao que está a acontecer no Alqueva, e até aprender com algumas coisas que ali não ocorreram tão bem, para acelerar o desenvolvimento turístico no Alto Alentejo, mas eu olho para o Alto Alentejo muito à conta dos vinhos e para o conceito, os vinhos de altitude. Não é por acaso que muitos dos grandes investidores de vinhos estão a ir para o Alto Alentejo: podemos falar da Symington, mas também da propriedade da Malhadinha, do Baixo Alentejo, que está a investir no Alto Alentejo. Eu olho para o próprio Grupo Vila Galé, que vai abrir no próximo ano um segundo hotel em Elvas…
Vamos trabalhar e promover muito o Alto Alentejo, e acredito que no espaço de 3 a 5 anos seremos uma região com mais turistas –e, muito importante, com mais turistas internacionais.
Ser o destino nacional convidado da BTL é sempre uma chancela que traz visibilidade, mas para além desse carimbo, como é que se pode potenciar essa situação?
Ser destino convidado é uma responsabilidade e uma oportunidade, para já porque temos de investir mais, o que significa que temos de prestar contas aos nossos acionistas, aos nossos municípios, às nossas empresas, e fazer ver como é que com um investimento maior conseguimos mais. Esse é o primeiro desafio que temos pela frente.
Foi com muita satisfação que recebemos, no passado dia 6, essa notícia. Acredito que será uma grande oportunidade, especialmente até muito na lógica da promoção internacional. Aliás, já enderecei o convite à Agência Regional de Promoção Turística, porque um dos pacotes que vamos contratar com a FIL é termos a oportunidade de reunirmos os buyers estrangeiros num jantar de apresentação do destino – este ano a BTL recebeu cerca de 200 buyers. Acho que essa é, talvez, a melhor oportunidade que o destino convidado terá.
Melhorámos o stand – aliás, recebemos uma menção honrosa -, e temos um grande stand para promover o Alentejo e o Ribatejo e conquistarmos quota de mercado. É isso que nós queremos, até para ajudarmos o grande investimento que os nossos hoteleiros, os nossos empresários da animação turística, do turismo rural, da animação, têm feito. Portanto, é um desafio que temos pela frente.