Alcochete ou Vendas Novas são as localizações “mais favoráveis” para o novo Aeroporto, considera a CTI
No relatório final sobre a localização do novo aeroporto para Lisboa, já divulgado pela Comissão Técnica Independente (CTI), são apontados Alcochete e Vendas Novas como sendo as mais favoráveis em termos globais para acolherem a solução de aeroporto único.
Nas conclusões do relatório ambiental publicado ao final do dia de segunda-feira, a Comissão Técnica Independente recomenda que a solução aeroportuária para Lisboa passe por um aeroporto único, que garanta “a eficiência e eficácia do seu funcionamento”, e refere que todas as opções geram “oportunidades, mas também riscos, considerando incertezas, e também impactos negativos, nomeadamente ambientais e sobre a saúde humana”.
Assim, sublinha a CTI, “as opções estratégicas de solução única são as que se apresentam como mais favoráveis em termos globais”, e neste caso aponta as localizações de Alcochete e Vendas Novas.
A CTI aponta, no entanto, que a opção Vendas Novas “apresenta menos vantagem em termos de proximidade” à Área Metropolitana de Lisboa assim como ao nível “de tempo de implementação”, sublinhando serem necessários “mais estudos, bem como mais expropriações”.
Vendas Novas “tem mais vantagens do ponto de vista ambiental com menor afetação de corredores de movimentos de aves e recursos hídricos subterrâneos, apesar de afetarem áreas de montado e recursos hídricos superficiais de forma muito equivalente”, refere a CTI, acrescentando que esta opção “pode contribuir ainda para um aumento da coesão territorial a nível nacional, sobretudo na Região Alentejo, ainda com capacidade de extensão à Região de Lisboa”.
Soluções duais com vantagens financeiras
Ainda assim, a CTI sublinha a “vantagem financeira das soluções duais assentes na manutenção do Aeroporto Humberto Delgado (AHD)”, com a construção da nova infraestrutura quer em Alcochete, quer em Vendas Novas, descartando a opção Montijo por a considerar “desvantajosa a longo prazo”.
Sobre esta opção, que tem sido a mais requerida pelo setor do turismo [Humberto Delgado + Montijo], a CTI frisa que é “desvantajosa no longo prazo porque se limita a adiar o problema do aumento real da capacidade aeroportuária, tendo em conta as projeções de aumento da procura, mesmo as mais modestas” e refere que qualquer solução com Montijo “apresentam ainda os maiores e mais significativos impactos ambientais negativos, o que as torna não viáveis desse ponto de vista”.
Acrescenta que as opções Humberto Delgado + Montijo ou Montijo como aeroporto único, apresentam constrangimentos, como a “não renovação da DIA [Declaração de Impacto Ambiental]” na solução dual, que “assim perde a sua vantagem na rapidez de execução”.
De salientar que depois de ter descartado a opção Santarém no relatório anterior, as recomendações da CTI apontam agora que a hipótese Humberto Delgado + Santarém “pode ser uma solução”. De acordo com o relatório final divulgado esta semana, a Comissão refere que Santarém pode funcionar como “aeroporto complementar ao AHD (Humberto Delgado), mas com um número de movimentos limitado, não permitindo satisfazer a capacidade aeroportuária necessária no longo prazo”.
No entanto, segundo a CTI, esta opção “teria a vantagem de permitir ultrapassar no curto prazo as condicionantes criadas pelo contrato de concessão, tendo ainda como vantagem um financiamento privado”, além de promover a “coesão territorial a nível nacional, sobretudo na Região Centro, embora com menos vantagem para a Região de Lisboa”.
Ainda assim, a Comissão tem “dúvidas em relação à sua rapidez de execução” e considera que “não será viável” a solução Santarém como infraestrutura única, “devido às limitações aeronáuticas militares existentes que não permitem que se venha a constituir como um aeroporto único alternativo ao AHD”.