AHP “relativamente apreensiva” com alguns compromissos da ‘via verde’ para a imigração

A Associação da Hotelaria de Portugal saúda a assinatura do protocolo de cooperação para a imigração laboral regulada, entre o Estado e as Confederações Patronais e Empresariais. No entanto, Bernardo Trindade, presidente da AHP, afirma que há “um conjunto e compromissos” que deixam os hoteleiros “relativamente apreensivos”.
Bernardo Trindade falava (via zoom) no painel “Desafio em Foco: A Voz das Associações e o Futuro do Turismo em Portugal” do primeiro dia do Congresso da APECATE – Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, que decorreu no final da semana na Ilha Terceira, Açores.
Inquirido pelo presidente da APECATE sobre qual o recado que o presidente da AHP deixaria ao próximo Governo, Bernardo Trindade lembrou que mesmo em períodos de instabilidade política, a atividade turística tem trazido “imensa estabilidade”, o que se reflete nos resultados do setor e no seu contributo para a economia nacional.
“É bom não esquecer que há um ano tivemos eleições e não deixámos de ter em 2024 o melhor ano turístico de sempre”, o que evidencia que “nós já estamos um bocadinho mais preparados para estes quadros de instabilidade política nacional”, o que não significa que não existam grandes desafios que devem ser respondidos.
A propósito referiu que “nós assinámos na semana passada, no âmbito da CTP, a nova ‘via verde’ de regularização de pessoas que querem fazer futuro em Portugal, trabalhando em Portugal” – uma iniciativa que saudou, apontando, no entanto, algumas questões que causam apreensão à hotelaria.
“Nós saudamos esta iniciativa e saudamos o conjunto de exigências que estamos disponíveis para acompanhar, designadamente um contrato de trabalho na origem, a questão dos seguros de saúde, a questão que se relaciona com o desenvolvimento de competências que as empresas estão disponíveis para, de alguma maneira, fazer entregar a quem opta por fazer carreira em Portugal”, afirmou o presidente da AHP.
No entanto, Bernardo Trindade vincou que “há outro conjunto de compromissos que nos deixam relativamente apreensivos” como a questão da “habitação condigna” que, afirmou, é uma responsabilidade que os hoteleiros não podem assumir.
“Eu não digo que em determinadas zonas do país isso não possa ser assegurado pelas empresas, mas há outros centros, nomeadamente as grandes urbes, onde essa responsabilidade não pode ser assacada às empresas, porquanto a questão da habitação é uma responsabilidade do Estado, não é uma responsabilidade das empresas. “Estamos totalmente disponíveis para caminhar neste sentido da ‘via verde’ mas temos a noção de que há uma responsabilidade que não podemos assumir”, defendeu.
Sobre outros temas que preocupam a AHP está, também o novo Aeroporto de Lisboa. “Saudamos a decisão relativamente ao novo aeroporto, porque assegura o futuro, e porque assegura a resposta relativamente a um tema que é hoje incontornável” que é a limitação do aeroporto de Lisboa. No entanto, considerou, “temos bem a noção dos impactos a que, do ponto de vista do consumo de recursos, quer sejam elétricos, quer sejam de água, quer sejam de combustíveis, toda esta infraestrutura vai ter que nascer, e, portanto, este é um tema que está muito longe de estar resolvido, e estamos, de alguma maneira, a não ter respostas para a nossa principal infraestrutura aeroportuária”.
O Turisver viajou para a Ilha Terceira a convite da APECATE