AHP quer que instituições financeiras públicas sejam “instrumentos ao serviço da economia e do turismo”
Na sessão de abertura do 34º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal elencou os principais desafios que se colocam ao setor, nomeadamente no que se refere aos encargos financeiros das empresas, à importação de mão-de-obra e ao aeroporto de Lisboa. A taxa turística na Madeira foi outro tema abordado por Bernardo Trindade.
Bernardo Trindade começou por se referir aos desafios que o sector teve que ultrapassar nos últimos anos para destacar os bons resultados conseguidos em 2023, apesar dos recordes de despesa que as empresas hoteleiras tiveram que enfrentar ao nível da exploração.
“Sendo a hotelaria um setor capital intensivo, assistimos a um aumento substancial dos encargos financeiros”, muito por via do “aumento significativo das taxas de juro de referência”, provocado pelo controlo inflacionista do BCE motivado pela Guerra na Ucrânia.
“O resultado foi que os encargos das empresas hoteleiras duplicaram, os resultados da banca também, com o aumento da sua margem financeira, tudo isto sem alterar o nível de risco, apenas pelo efeito automático do aumento das taxas de referência…”, afirmou, sublinhando esperar “que se possa corrigir parte deste efeito já em 2024”.
Neste sentido apelou aos maiores partidos políticos para que “as instituições financeiras públicas sob a responsabilidade do Estado, o Banco Português de Fomento e a Caixa Geral de Depósitos, sejam instrumentos ao serviço da economia e do turismo, procurando desenhar instrumentos financeiros adequados às necessidades do setor em articulação com o Turismo de Portugal”.
“Se são empresas públicas, e respeitada a sua autonomia de gestão, é tempo de relembrar os objetivos estratégicos do país, e os mesmos não podem passar indiferentes a estas instituições”, considerou o presidente da AHP.
Pediu também “um olhar muito sério para o fator trabalho”, lembrando que só no turismo, há hoje 115 mil trabalhadores imigrantes, a quem é necessário integrar na sociedade, dignificar enquanto pessoas e profissionais e aos quais é necessário dar condições para que seja garantida a qualidade do serviço que é esperada pelos turistas que nos visitam.
Do lado da procura, Bernardo Trindade falou dos constrangimentos do aeroporto de Lisboa que condicionam essa mesma procura, com efeitos a nível nacional, mas também do aeroporto da Madeira, onde o problema dos ventos é também um condicionamento à atividade turística.
Outro dos temas abordados por Bernardo Trindade foi o das taxas turísticas. “A AHP é por princípio contra a banalização das taxas turísticas”, afirmou, acrescentando que “hoje são muitas as taxas, os compromissos, a logística que todo o Estado exige às empresas”. Por isso defendeu que “temos de prosseguir este caminho de redução da burocracia, de redução dos encargos fiscais e contributivos”.
No caso da Madeira, “a AHP inclina-se para uma taxa regional, que permita a distribuição equitativa entre todos”, disse, defendendo que “o modelo de governação e decisão sobre o destino a dar às verbas deve contar com representantes dos empresários da hotelaria”, como acontece em Lisboa.
O Turisver está no Funchal, a convite da AHP