AHP atribui ao corte de voos da Ryanair as baixas estimativas dos hotéis açorianos para a quadra festiva
Em resposta ao inquérito da AHP, as estimativas apontadas pelos hoteleiros dos Açores para a ocupação e preços no Natal e Réveillon, com valores “modestíssimos” que em vários indicadores estão abaixo do ano passado, preocupam a Associação. Cristina Siza Vieira justifica a situação com a falta de acessibilidades causada pela diminuição do número de voos da Ryanair.
No inquérito flash realizado pela AHP sobre as perspetivas dos hoteleiros para a época de Natal e Réveillon, em termos de ocupação e preços, os Açores destacam-se pela negativa, principalmente no que se refere às expectativas para o Natal, sendo a única região que estima uma queda na ocupação e também uma descida ao nível do preço médio.
Para o Natal, os hoteleiros inquiridos na região dos Açores perspetivam uma ocupação média ente os 26% e os 34% quando em 2022 tiveram uma taxa de ocupação efetiva de 51%. Já nos preços médios a perspetiva é de que fiquem nos 86€ quando no ano passado o preço médio foi de 91€.
Para o Réveillon, os inquiridos foram um pouco mais otimistas, mas não muito, estimando que a ocupação se situe entre os 55% e os 73%, sendo que o ano passado a média ficou nos 69%. Ainda assim, é esperada uma evolução positiva nos preços médios, onde apontam para os 120€ (o ano passado a media de preços ficou nos 113€).
Na apresentação dos resultados do inquérito, Cristina Siza Vieira fez notar que “os inquiridos nos Açores foram, de todas as regiões indicadas, aqueles que apresentaram as expectativas mais baixas, quer para o Natal quer para o Réveillon, relativamente à taxa de ocupação e aos preços médios a praticar neste período do ano”.
Os valores apresentados pelos Açores preocupam a Associação da Hotelaria de Portugal, com a vice-presidente executiva a apontar o problema da falta de acessibilidades causada pela diminuição do número de voos da Ryanair.
“A Ryanair tinha dois voos diários para a Região Autónoma dos Açores e neste momento tem dois voos semanais. Passar de 14 voos por semana para dois tem um impacto muito grande na operação de inverno dos Açores”, afirmou a responsável, sublinhando que “alguns dos nossos inquiridos têm preços modestíssimos”.
Por outro lado, continuou, “o mercado de Paris basicamente parou todo, o alemão a mesma coisa… mantêm os voos de Boston. A SATA e a TAP tiveram algum incremento mas não é significativo”.
“A Região Autónoma dos Açores continua a ser aquela onde a sazonalidade é mais marcada, em razão da sua dependência do transporte aéreo”, situação que agora piorou devido à diminuição dos voos da Ryanair, considerou Cristina Siza Vieira.
Ainda assim “ainda há algum mercado nacional que irá para os Açores”, principalmente o que vai via operadores turísticos que têm os voos das companhias regulares como base dos seus pacotes. Daí que 81% dos inquiridos tenham apontado o mercado nacional como um dos seus três principais mercados no Réveillon.