AHP: 51% dos hoteleiros em Lisboa espera descida no preço médio no último trimestre do ano
A conclusão é do mais recente inquérito da AHP, cujos resultados foram apresentados esta quarta-feira e que revela, também, que as reservas dos hotéis da Grande Lisboa para o último trimestre estão abaixo do ano passado. Ainda assim, no global do país, as perspetivas para os últimos três meses do ano são mais otimistas, tanto ao nível da evolução das reservas como preço médio.
O inquérito “Balanço verão & Perspetivas outono 2025” realizado entre 25 de setembro e 10 de outubro, pelo Gabinete de Estudos e Estatísticas da AHP, junto dos associados revela que relativamente às reservas para o último trimestre do ano, no momento do inquérito, 55% dos hoteleiros a nível nacional apontavam que, para o mês de outubro, estavam “melhores ou muito melhores” do que no mesmo período de 2024. O destaque vai para as regiões do Algarve (93% dos inquiridos disse que as reservas para outubro estavam “melhores ou muito melhores”, Madeira (86%) e Alentejo (63%).
Para novembro, as perspetivas foram mais cautelosas, com apenas 43% dos inquiridos a antecipar melhorias, enquanto para dezembro, mês que é impactado pelas festividades do Natal e fim do ano, 38% dos inquiridos verificavam, no momento do inquérito, taxas de reserva superiores, face ao período homólogo, com destaque para o Algarve, a Madeira e o Alentejo.
Já no que se refere à evolução do preço médio, a nível global, 57% dos inquiridos afirmou esperar que seja “melhor ou muito melhor” em outubro; 55% prevê o mesmo para novembro e 53% para dezembro.
O inquérito revela ainda que, para o último trimestre do ano Portugal mantém-se como principal mercado emissor para 79% dos inquiridos, seguido do Reino Unido, para 56%, dos EUA, para 42% e da Alemanha, para 33%.
Cristina Siza Vieira: Constrangimentos do Aeroporto , grande crescimento nos últimos anos e aumento da oferta de alojamento justificam que hotelaria da Grande Lisboa esteja a “entrar num planalto”
Um pouco contraciclo com estas estimativas está a Grande Lisboa, onde quase metade dos inquiridos afirma que as reservas para os últimos três meses do ano estão “piores ou muito piores” do que no mesmo período do ano passado.
De acordo com os resultados do inquérito, para outubro, 47% dos hoteleiros inquiridos na região da Grande Lisboa afirmaram que as reservas estão “piores ou muito piores”, com 42% a responder o mesmo para o mês de novembro e 40% relativamente ao último mês do ano.
Também no que se refere às perspetivas para o preço médio, a Grande Lisboa aparece em contraciclo, com 51% dos inquiridos a esperar que o preço médio seja mais baixo do que no último trimestre do ano passado.
Comentando as perspetivas dos hoteleiros da Grande Lisboa, Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, frisou que a Associação já vinha alertando para esta situação e justifica: “Lisboa cresceu muitíssimo nos últimos anos, já está a bater-se com as grandes capitais europeias” tanto ao nível da hotelaria como do Alojamento Local”. Isto para sinalizar que “o espaço para crescer está limitado” e por várias razões, a começar pelo Aeroporto, com os constrangimentos a estarem agora agravados pela entrada em funcionamento do novo sistema de controlo de fronteiras.
Aos constrangimentos do Aeroporto soma-se o aumento da oferta de alojamento que na cidade de Lisboa, em 2025 e 2026 rondará, segundo a vice-presidente da AHP, as 2.400 novas unidades de alojamento, um número que, mesmo assim, configura “um abrandamento no crescimento da oferta” já que “nos últimos 10 anos a oferta cresceu a uma taxa média anual de 4,6% mas nos últimos cinco anos cresceu a uma taxa de 5,4% ao ano”, enquanto aquilo que se espera para 2025/2026 é um aumento na ordem dos 2%”, avançou.
Por outro lado, continuou Cristina Siza Vieira, as taxas de ocupação em Lisboa “tinham crescido muito”, cerca de “6 pp de 2022 para 2023”, enquanto a estimativa para 2025 é agora de “um aumento de 0,7 pp para todo o alojamento”.
Tudo somado, a AHP acredita que “estamos a entrar num planalto em Lisboa” pelo que “não vamos assistir a crescimentos nem de taxa de ocupação nem do preço nos próximos tempos”.
Ainda assim, a vice-presidente executiva da AHP não acredita que os hoteleiros baixem os preços para fazerem face à possível queda nas taxas de ocupação. “Não me parece que a tendência na hotelaria vá ser de baixar preços mesmo”, até porque “não foi isso que verificámos mesmo em situações de abrandamento da procura”, disse Cristina Siza Vieira, acrescentando que “mesmo em Lisboa serão apenas flutuações e algum last munute”.


