Aeroporto de Lisboa: Solução Montijo “não é recuperável” mas há que garantir que a ANA “se despacha”, diz Pedro Nuno Santos

Novo aeroporto de Lisboa e TAP foram dois dos temas que estiveram “em cima da mesa” no almoço com o líder do Partido Socialista promovido esta segunda-feira, pela Confederação do Turismo de Portugal. Sobre o primeiro, Pedro Nuno Santos diz que agora resta garantir que a ANA não explora prazos “até ao limite” e sobre a TAP mantém que a maioria do capital deve continuar nas mãos do Estado.
Novo aeroporto e TAP são temas recorrentes nas intervenções do presidente da Confederação do Turismo de Portugal e foi por eles que Francisco Calheiros iniciou a intervenção no almoço debate com o líder do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, que teve lugar esta segunda-feira, 5 de maio, em Lisboa.
Sobre o novo aeroporto de Lisboa, Francisco Calheiros lembrou que Pedro Nuno Santos, quando teve a pasta das Infraestruturas no governo de António Costa, pretendeu avançar com a solução do Montijo no imediato, como complementar à Portela, para só depois avançar com Alcochete. “Eu acho que a sua decisão era a correta. Essa continua a ser a nossa posição”, afirmou.
Mantendo a tónica, Francisco Calheiros sublinhou que, com estas eleições “passou-se mais um ano, nada evoluiu, teremos aeroporto, segundo se diz, daqui a 12 anos” um prazo em que disse não acreditar. “Como já disse, não acredito que em 12 anos tenhamos aeroporto”, uma situação que considerou penalizadora para o turismo, dado a Portela estar no máximo da sua capacidade.
Em resposta ao presidente da CTP, Pedro Nuno Santos foi peremptório ao afirmar que a solução Montijo “não é recuperável”. Para o líder socialista, a ideia Portela+Montijo “era uma ideia com sentido, mas não foi esse o caminho que foi seguido” e agora “é um barco que já partiu”.
Assim, olhando para a solução Alcochete como aeroporto único, e para as obras que são necessárias fazer na Portela, o secretário-geral do PS defendeu que o que há agora a fazer é “garantir que a empresa que tem a concessão dos nossos aeroportos [ANA-Aeroportos de Portugal/Vinci] se despacha” para que quando cheguem novas eleições não tenha que se estar ainda a falar no aeroporto de Lisboa.
“Temos de garantir que a ANA não explora os prazos contratuais até ao limite e temos de conseguir, em conjunto, que seja possível antecipá-los de forma significativa”, defendeu Pedro Nuno Santos, garantindo que, neste aspeto, “há ainda muito trabalho a fazer com a ANA”.
Apesar de já não ser possível considerar a solução Montijo, Pedro Nuno Santos assume que, se em 2022 essa opção tivesse ido para a frente e tudo tivesse corrido de acordo com os prazos “já estaríamos a receber mais aviões e mais passageiros em 2025”.
TAP não deve estar sozinha mas Estado deve manter maioria do capital
A segunda questão levantada pelo presidente da CTP teve a ver com a privatização da TAP. Afirmando que “é nosso entendimento que é difícil mantermos, num país pequeno e periférico como o nosso, uma companhia completamente autónoma e orgulhosamente só”, Francisco Calheiros quis saber qual é a ideia que o líder socialista tem para a TAP.
Sobre esta questão, Pedro Nuno Santos reafirmou que “a TAP não deve estar sozinha”, que, apesar dos lucros que a companhia obteve nos três últimos anos, o que antes nunca tinha acontecido, deve ser privatizada, mas não na maioria do seu capital.
“A TAP é uma companhia aérea de importância central para o desenvolvimento nacional e de importância central para o turismo em particular. Os turistas que deixam mais valor no nosso país são turistas que viajam na TAP”, disse, lembrando o caso dos turistas provenientes dos Estados Unidos e do Brasil.
Sublinhando que “a gestão pública está neste momento a garantir que a TAP é rentável e que dá lucro”, recordou que “aquilo que eu sempre defendi era que se abrisse o capital da companhia aérea para permitir a sua integração com outros grupos de aviação. Não era com investidores financeiros, mas sim com grupos de aviação e da indústria”.
Neste sentido, reafirmou que “o Estado deve ter a maioria do capital” e lembrou que grupos como a IAG [Iberia e British Airways], Air France / KLM e a Lufthansa, mantêm interesse em investir na transportadora aérea portuguesa, mesmo “sem terem o controlo da companhia”
“E esta é a melhor opção. Precisamos da TAP a voar a partir de Lisboa, é aqui que está o seu hub, mas obviamente que precisamos de uma TAP a olhar para a Madeira, para o Algarve e para o Porto. E nunca olhará da mesma maneira se a maioria do capital desta companhia for privado”, afirmou.