Aeroporto de Lisboa: Pedro Nuno Santos diz que não há solução que agrade a todos
Na audição na AR, esta quarta feira, o ministro das Infraestruturas reiterou que o processo do novo aeroporto para Lisboa está em aberto, que o Governo está disponível para conversar com o PSD e que, relativamente à escolha do local “não há uma única solução ‘sem espinhas’”.
Em audição no Parlamento, esta quarta feira, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos não quis comentar o despacho emanado do seu Ministério sobre ao solução aeroportuária para Lisboa e que foi revogado pelo primeiro ministro em menos de 24 horas – “Não vou comentar um despacho que não existe”, afirmou, acrescentando que “o assunto está arrumado”. Também não quis dizer qual a sua preferência no que toca à localização do novo aeroporto, adiantando apenas que “não há uma única solução ‘sem espinhas’”.
“Não estou aqui a assumir nenhuma solução, o que estou aqui a dizer é que não há soluções ‘sem espinhas’, todas elas têm problemas, vantagens e desvantagens, que têm de estar em cima da mesa quando tomarmos uma decisão”, frisou, referindo, no entanto, que uma solução que implique a expansão do Aeroporto Humberto Delgado terá implicações sociais e ambientais e que uma solução dual que não implique essa expansão “tem maior limitação no tempo”.
“Cada ano que nós demorarmos [a decidir], nós vamos estar a perder milhares de milhões de euros, num país que não é rico”, declarou, salientando a “necessidade urgente” de aumentar a capacidade aeroportuária, para receber “os milhões de passageiros que querem procurar Portugal, caso contrário “é dinheiro perdido pelo país”.
Reiterando que “não há uma posição fechada”, que não haverá uma solução que agrade a todos, e que o Governo está disponível para negociar com o PSD o futuro do novo aeroporto de Lisboa, o governante deixou claro que o PSD “tem caminho aberto” para participar numa decisão sobre a avaliação ambiental estratégica, que terá de ser levada a cabo, após o Governo ter decidido revogar a atribuição da mesma a um consórcio formado pela Ineco e pela Coba.
A este propósito, o ministro das Infraestruturas declarou que “independentemente da transparência e da qualidade do trabalho desse consórcio, colocaria sempre sobre muitos portugueses suspeitas ou dúvidas sobre esse resultado”.
Confrontado com o facto de, ao fim de tantos anos, ainda não se ter conseguido chegar a uma solução aeroportuária para Lisboa, o governante lembrou que o PS, que inicialmente preferia que o novo aeroporto ficasse localizado em Alcochete, acabou por mudar de opinião e acordar a construção da nova infraestrutura no Montijo, para ir ao encontro da posição do governo de Pedro Passos Coelho (PSD), para que fosse possível alcançar “maior consenso”.
Cancelamentos da TAP abaixo da média do setor
No entanto, frisou Pedro Nuno Santos, na altura de viabilizar a alteração à lei que exige que todos os municípios afetados pelo aeroporto deem parecer positivo à sua construção, o PSD “deixou de criar as condições para que a solução criada pelo Governo” fosse avante. “Cada um que assuma as suas” [responsabilidades], realçou.
Sobre os problemas que têm ocorrido na Portela, o ministro afirmou que o aeroporto está saturado, já que a infraestrutura, que tem capacidade para processar 28 milhões de passageiros, atingiu, em 2019, os 31 milhões. “Em 2022 na primeira semana de julho ficámos a 98% dos movimentos de 2019. Já está saturado para lá da sua capacidade declarada”, vincou.
Quanto aos cancelamentos de voos da TAP, o ministro das Infraestruturas, afirmou que estão “abaixo da média das restantes companhias aéreas”, explicando que os voos cancelados pela transportadora aérea portuguesa na primeira semana de julho atingiram uma média de 2,8%, quando a média do setor da aviação ascendeu a 4,5%. “Estamos muito longe da realidade vivida na maioria das companhias aéreas e aeroportos”, declarou.