Aeroporto de Lisboa: Bernardo Trindade “chocado” por não se apresentar solução de curto-médio prazo

Vincando a importância que o Aeroporto de Lisboa tem não apenas para a capital mas para todas as regiões do país, continente e ilhas, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Bernardo Trindade, alertou esta quarta-feira para o facto de, com a apresentação da solução Alcochete se ter apenas olhado para o longo prazo, sem terem sido tratadas as necessidades aeroportuárias no curto e médio prazo.
Bernardo Trindade falava no webinar de lançamento da revista de tendências “Turismo’ 23-24” que contou com a participação de António Jorge Costa, presidente do IPDT – Turismo; Luís Pedro Martins, presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal; António Vidal, presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos; e Hélder Martins, Presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve.
Questionado por António Jorge Costa sobre quais deverão ser os grandes temas da agenda turística para o próximo ano, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), apontou a questão do Aeroporto de Lisboa, no curto prazo, como sendo uma das prioridades.
Referindo que esteve na apresentação pública do relatório da Comissão Técnica Independente sobre o novo aeroporto de Lisboa, Bernardo Trindade fez-se eco das preocupação de todo o setor turístico ao lamentar que não tivesse sido avançada uma solução para o curto-médio prazo.
“Aquilo que eu não vi – e isso é que me choca – foi uma solução para o curto prazo. Não tratámos o curto e o médio prazo com a mesma dignidade com que o longo prazo foi tratado”, afirmou.
Sobre a solução apresentada, salientou que a obra do Campo de Tiro de Alcochete traz consigo “duas questões que têm que ser pensadas porque tal como foram apresentadas ali não estão corretas”.
Uma delas, apontou, tem a ver com o prazo de construção da nova infraestrutura aeroportuária: “7 a 8 anos para a execução do Aeroporto de Alcochete, não vai acontecer” e “não apenas devido aos processos de licenciamento, das consultas e da própria execução” mas sim porque “não estamos a juntar muita da litigância que poderá acontecer em resultado da avaliação precisa deste processo”.
“Não me cansarei de chatear até à medula todos os nossos responsáveis políticos, sejam de que partido forem, relativamente à problemática do curto e médio prazo”
A outra questão, defendeu, tem a ver com “o custo desta obra”. Frisando que a nova infraestrutura irá implicar uma terceira travessia sobre o Tejo, o TGV [que terá que obedecer a um novo traçado] e a rede viária, Bernardo Trindade recordou ter sido dito na apresentação feita pela CTI que não haverá um peso sobre o investimento público e uma assunção por parte dos contribuintes porque “serão os passageiros que aterrando ou descolando do aeroporto de Alcochete que vão pagar. Mas para o presidente da AHP esta assunção “é um auto de fé mas que não tem a mínima correspondência com a realidade”.
Para já, no entanto, o que interessa ao presidente da AHP é que alguém responda à questão “Então e o curto prazo?”. Uma resposta que urge porque, conforme sublinhou, o aeroporto de Lisboa não serve só Lisboa, serve todas as regiões do país e “temos que encontrar alternativas” porque o país não se pode dar ao luxo de estar a dispensar procura e a dispensar interesse por Portugal.
Dizendo que o país não tem alternativa de crescimento económico que não seja o turismo, com todos os sectores da economia a prosperarem devido ao acelerar da atividade turística, Bernardo Trindade vincou: “Não me cansarei de chatear até à medula todos os nossos responsáveis políticos, sejam de que partido forem, relativamente à problemática do curto e médio prazo”.
O outro tema que o presidente da AHP considera prioritário tem a ver com os Recursos Humanos, referindo que “há hoje milhares de não portugueses que estão a trabalhar em Portugal” pelo que “deve ser feita a sua integração plena”, o que passa por “uma crescente dignificação”.