Adriano Portugal: “Vender mais do mesmo não faz muito sentido. Temos que procurar alternativas que marquem pela diferença”
Adriano Portugal, diretor-geral do Mercado das Viagens, foi o “mestre de cerimónias” da fam trip que esta rede de agências de viagens realizou ao Deserto do Saara marroquino, com o apoio do Turismo de Marrocos e que, a partir de Marraquexe atravessou o Alto Atlas para chegar a Ouarzazate, e visitou Merzouga, Erfoud, Fez e de Rabat.
Por: Fernando Borges
O que levou o Mercado das Viagens a organizar esta viagem de familiarização a uma das regiões marroquinas que estão fora das tradicionais programações dos operadores turísticos portugueses?
Sobretudo foi dar a conhecer um produto e um destino que é vendável, sendo esse produto uma alternativa aos charters. Temos aqui um destino próximo de Portugal, com um circuito que é desconhecido da maior parte dos agentes de viagens, tendo sido este o intuito desta fam, o de dar a conhecer. E como fiz esta zona durante muitos anos, uma zona pela qual sempre tive um carinho muito especial, conheço o potencial que ela tem, muito devido às diferenças que apresenta relativamente a outros destinos dentro de Marrocos e que normalmente são os que mais se conhecem e são divulgados.
Podemos dizer que está à procura de um outro destino dentro de Marrocos e que o quer dar a conhecer para que comece a fazer parte das programações propostas?
Sim… Este é um circuito completamente diferente daquilo que se encontra, diferente de tudo o resto, e é esta a razão pela qual durante muitos anos trouxe para aqui muitos grupos. É um circuito que abrange todas as faixas etárias, oferecendo várias emoções durante todo o período em que aqui estamos e durante todo o ano, achando que se consegue complementar a outros circuitos que existem, sendo este um circuito distinto.
O que é que diferencia este circuito dos outros que existem no mercado?
Não é tão massificado e mostra, acima de tudo, o lado mais enraizado da cultura marroquina, sendo um circuito que se pode fazer ao longo de quatro ou cinco dias, ou até durante uma semana, não só para um city break mas envolvendo toda uma região que é diferente, que propõe experiências igualmente diferentes e que apenas aqui se podem encontrar.
Ao longo do circuito o que é que considera menos positivo, e como é que avalia a oferta hoteleira?
Houve uma grande evolução em termos de vias e em termos de hotelaria, embora ainda se note, aqui e ali, alguma falta de profissionais mais qualificados, principalmente no atendimento a um cliente mais exigente.
Mas este é um ponto que cada vez mais se vai esbatendo, a situação está a ser mudada a um ritmo muito positivo, bastando olhar para o serviço que é prestado nos diversos hotéis da cadeia Xaluca, uma cadeia que oferece uma grande variedade de hotéis excelentes, com um serviço igualmente excelente, e outros mais básicos, atingindo assim todo o tipo de clientes. Uma cadeia que para além do que é oferecido dentro dos seus hotéis oferece outros serviços complementares igualmente de grande qualidade, tornando muito mais fácil fechar um pacote trabalhando com eles, como pacotes que oferecem aventura em veículos 4×4 pelo deserto, mais ou menos radical, que é sem dúvida um dos grandes aliciantes para quem procura este destino.
Depois desta viagem, que mensagem vai passar a quem faz parte da rede Mercado das Viagens e que não pode vir, para que mais facilmente possam vender este destino?
As mensagens, ou indicações, serão aquelas que tenho passado ao longo dos anos. Que é preciso sintonizar-nos quando estamos a vender um produto, neste caso Marrocos, com um grande enfoque na sua cultura, pois não podemos vender este produto Marrocos, no geral, como vendemos outros destinos, como as Bahamas. É importante passar uma informação precisa do destino em si para que depois saibam vender o produto e para que o cliente não se sinta pouco informado.
“(..) presentemente Marrocos tem uma outra vantagem relativamente a outros destinos na região do norte de África, que é estarmos às portas do Mundial de Futebol de 2030, um fator que há que explorar”
Sei que conhece vários destinos do norte de África, em particular do Magrebe. Que vantagens encontra em Marrocos comparativamente a esses outros destinos que poderão até parecer idênticos em termos de oferta?
Neste momento penso que Marrocos tem uma grande vantagem que é, acima de tudo, estar próximo de Portugal. É um destino que não envolve muitas horas de voo, as próprias vias de comunicação existentes são excelentes, ou seja, aquelas viagens que até há pouco tempo internamente poderiam demorar três ou quatro horas, agora fazem-se em uma ou duas horas. Houve na realidade uma grande evolução. Sem esquecer que presentemente Marrocos tem uma outra vantagem relativamente a outros destinos na região do norte de África, que é estarmos às portas do Mundial de Futebol de 2030, um fator que há que explorar.
Mas há ainda a questão da segurança, que por vezes ainda é apontada como um contra para se viajar até Marrocos…
Também aqui houve uma grande e profunda mudança. Hoje pode afirmar-se que essa é uma falsa questão que é necessário desmistificar, como aliás pudemos constatar ao longo de toda a viagem. Nota-se que há um cuidado por parte das autoridades nesse sentido e que acaba por se refletir no comportamento dos próprios turistas que se sentem seguros, sem qualquer tipo de receios de andar nas ruas ou nas estradas. Na realidade este é um “não problema” para Marrocos hoje em dia.
Vê este circuito como podendo substituir-se aos circuitos marroquinos mais tradicionais?
Falando em termos do Mercado das Viagens, eu espero bem que sim, porque foi a razão pela qual que pedi este circuito específico para trazer agentes de viagens, porque vender mais do mesmo não faz muito sentido. Portanto temos que procurar sempre alternativas que marquem pela diferença. E é isso que estamos a fazer, ao dar a conhecer este destino, dar a conhecer a cultura e a gastronomia, que é fantástica Assim como cidades fantásticas, como Rabat. Portanto há que explorar tudo isso. Não me preocupa o que os outros fazem, preocupa-me o que nós fazemos de diferente.



Vamos poder contar com um programa montado pelo Mercado das Viagens que englobe, por exemplo, Casablanca e deserto?
Nós temos uma dificuldade neste exemplo que dás, porque temos muito mais agências a norte do que a sul, e assim estaremos sempre condicionados um bocadinho com Casablanca, com muita pena de não haver voos diretos, como acontece com a Ryannair para Marraquexe. No entanto existem outros aeroportos que poderiam facilitar muito mais este tipo de circuitos.
E Fez com deserto?
É um programa que se pode fazer, como este que estamos a fazer em seis dias. Portanto é um produto que se pode perfeitamente concretizar, circuitos completos de uma semana ou de quatro dias, como foi nossa intenção mostrar ao trazer e ao pedir exatamente este tipo de circuito, de que é possível conseguirmos combinar aqui um mix de dois programas; um de uma semana para quem tem essa disponibilidade de tempo, e um circuito mais pequeno, digamos mais compacto, que é o de quatro dias, que dá para fazer Marraquexe com Ouarzazate, Erfoud e deserto, regressando novamente a Marraquexe.
O que mais o marcou neste seu regresso a esta região de Marrocos?
Sem dúvida o deserto, que será o que todos que estão a participar nesta famtrip irão falar em primeiro lugar, até porque tivemos a oportunidade de vivenciar o que é passar uma noite no deserto. Mas continua a surpreender-me Rabat, uma cidade que tem muito para descobrir, uma cidade cheia de história, uma cidade a todos os níveis envolvente.
O jornalista viajou para Marrocos a convite do Mercado das Viagens



