Açores: Cinco opções de Turismo em Espaço Rural
Todos integram as Casas Açorianas, mas cada um tem as suas características e história muito próprias. Ficam no arquipélago dos Açores, nas ilhas que fazem parte de o Grupo Central: Terceira, Graciosa, São Jorge e Faial. O verde da paisagem, o azul do mar, os imponentes vulcões, os trilhos que desbravam cada uma delas são apenas alguns dos ingredientes que podemos acrescentar às unidades de Turismo em Espaço Rural que se seguem…
Ilha Terceira
Casa Ti’ José Borges
Foi o bisavô de José Adriano Borges de Menezes que comprou a propriedade onde hoje está a Casa Ti’ José Borges, um alojamento de Turismo em Espaço Rural, na Vila das Lajes, na Terceira, mas é ao seu avô que o nome lhe presta homenagem.
Homem abastado e já com uma certa idade, José Borges, a quem carinhosamente chamavam “Ti’ José Borges” era conhecido por permitir que a população de poucas posses da Canada das Vinhas se abastecesse de um poço junto à sua propriedade. Em retribuição, na altura das colheitas do milho, os vizinhos vinham ajudá-lo na tarefa sem ele nada lhes pedir.
Filomena e José Adriano Menezes são os atuais proprietários, que acabaram por recuperar e transformar em Turismo Rural. A casa que outrora pertencera ao Ti’ José Borges passara por herança para o pai do nosso atual anfitrião. Entretanto, uma das casas acaba por ser vendida por duas vezes e penhorada e só quando em 2004 a mãe de José Adriano Menezes morre, o mesmo consegue comprá-la de volta, recuperando-a.
Quatro anos foi quanto tempo José Adriano Menezes e o filho levaram a picar as cantarias por dentro e por fora da casa, os mesmos quatro anos que Filomena levou a bordar os cortinados e paninhos que hoje a decoram. Mas é só em março de 2010 que abrem ao público e recebem os primeiros hóspedes.
A Casa Ti’ José Borges divide-se em dois alojamentos independentes. A Casa, composta por um quarto de casal, um quarto individual, uma sala de estar com sofá-cama, uma cozinha totalmente equipada, uma lavandaria com máquinas de lavar e secar roupa e uma churrasqueira. No total é capaz de acolher até cinco pessoas.
E o Palheiro, com um quarto de casal e duas camas de criança em ferro, no sótão, para além de uma kitchenette. Existe ainda uma churrasqueira portátil.
Os hóspedes podem cozinhar nos dois alojamentos e quando chegam é-lhes oferecida uma cesta com todos os produtos necessários para que possam confecionar o seu pequeno-almoço à hora que bem entenderem. Café, chá, água, compotas, manteiga, leite e pão são alguns dos produtos. Caso o hóspede pretenda pão fresco todos os dias paga um extra.
Ambos os alojamentos estão decorados com peças antigas, do tempo do pai do nosso proprietário. Mas também é possível encontrar algumas curiosidades, como as duas pedras que seguravam o peso e a prensa do vinho da antiga adega e uma outra que outrora pertencera a uma atafona, onde se moíam o milho e o trigo com a ajuda de um animal. Os hóspedes são convidados a fazer a ordenha manual das vacas e a provarem o leite.
Contactos:
- Casa Ti’ José Borges
- R. Tio José Borges 10,
- 9760-279 Praia da Vitória
- Telefone: (+351) 295 517 367
Ilha Graciosa
Moinho Mó da Praia
Não é açoriano, mas as suas visitas assíduas ao arquipélago a título profissional fizeram dele um verdadeiro amante da terra. Em outubro de 2007, após umas pequenas férias na ilha Graciosa, apaixonou-se por um dos 27 moinhos de vento inventariados que ali existem e cujas cúpulas vermelhas, em forma de cebola, pintam a paisagem.
Quatro dias de estadia na também conhecida “ilha branca” foram mais do que suficientes para se apaixonar. Fotografou vários locais e um deles foi o Moinho Mó da Praia, junto à única praia de areia fina da Graciosa, na povoação de São Mateus (Praia), um dos últimos a moer cereais na ilha e que outrora fora pertença de Manuel Frutuoso Vasconcelos Moniz.
Já de regresso a Lisboa, João Leandro repara num número de telefone na fotografia do moinho e decide ligar para saber o valor pedido pelos herdeiros. Só em 2009 dá início ao projeto de recuperação do Moinho Mó da Praia, com o propósito de preservar ao máximo as suas características e também recuperar algumas peças e utensílios usados na atividade da moagem. Os anos que se seguiram, no entanto, não foram fáceis, e o processo de candidatura para realizar a restante recuperação só acabaria por ser resolvido em 2014. Só em 2016 abriam portas enquanto Turismo em Espaço Rural.
Mesmo de frente para o mar, o Moinho Mó da Praia divide-se por três pisos. O antigo anexo onde estava instalado o motor (movido a gasóleo) que possibilitava a alternativa da moagem sem recorrer à utilização do vento, permitiu construir o acesso por escadas interiores ao corpo do moinho e foi ampliado para conter toda a zona social com características modernas, composta pela sala comum, kitchenette, instalações sanitárias e um terraço exterior abrigado do vento por um longo muro.
No segundo piso, onde estavam assentes as mós principais do moinho, funciona um quarto de casal e na cúpula um beliche, com uma cama de casal em baixo e uma de solteiro em cima. No total, o moinho consegue acolher até seis hóspedes.
À chegada ao Moinho Mó da Praia, os hóspedes recebem produtos regionais para puderem fazer o pequeno-almoço que está incluído na estadia. O mel local, o leite, a manteiga e por vezes o conhecido doce de meloa da ilha são algumas das delícias. O pão, esse, é colocado pelo padeiro de madrugada no portão.
Contactos:
- Moinho Mó da Praia
- Rua dos Moinhos de Vento, 16
- São Mateus, Graciosa, Açores
- E-mail: Mopraia.azores@sapo.pt
- Site: Modapraia-graciosa.pt
Ilha de São Jorge
Quinta da Magnólia
O silêncio, o verde da paisagem, a ilha do Pico no horizonte e o chilrear dos pássaros como banda sonora são os ingredientes principais neste alojamento turístico na costa sul de São Jorge. Fica na Urzelina e abriu portas a 30 de junho de 2018, mas a aventura começou em 2007, quando Pedro Fernandes e a mãe Lúcia decidiram investir na compra deste terreno.
Volvidos 8 anos desde a aquisição da Quinta da Magnólia e aproveitando o apoio dado por parte do Governo para o desenvolvimento deste tipo de turismo, Pedro Fernandes e a mãe decidem apostar num projeto diferenciador, “uma espécie de hotel de charme”, com caraterísticas únicas na oferta hoteleira da ilha.
Com 10 quartos no total, sete na casa principal e os restantes três em bungalows de pedra, a Quinta da Magnólia oferece cinco tipologias diferentes, que vão desde o superior room que pode ser com vista mar ou sem, passando pela deluxe room ocean view, a deluxe jaccuzi ocean view ou a deluxe suite. Todos os quartos têm o nome de uma das fajãs de São Jorge, que nesta ilha ultrapassam as 40.
A piscina infinita no exterior completa a oferta deste alojamento, onde o pequeno-almoço está incluído, fazendo as delícias dos hóspedes que à sua chegada têm à sua espera um welcome drink com um sumo de fruta e uma Espécie, um bolo local em forma de ferradura, cujo interior tem uma série de especiarias.
Outras refeições não são servidas ali, até porque a uns 400 metros existe um restaurante onde os hóspedes facilmente poderão aceder. A localização da Quinta, que dista a apenas cinco minutos do aeroporto e a 10 minutos da sua principal Vila: Velas, permite um sem número de opções na área da restauração.
Quando fazem o check-in Pedro Fernandes pode sugerir um roteiro à medida de cada visitante com os principais locais de interesse na ilha, mas como sublinha o mesmo “sem nunca nos impormos à vontade do cliente”, acrescentando terem parceria com empresas marítimo-turísticas, de aventura, de trilhos e tours à volta da ilha.
Contactos:
- Quinta da Magnólia
- São Mateus Urzelina, 9800-405 Urzelina
- Tel.: (+351) 295 414 211
- E-mail: info@quintadamagnolia.com
- Site: https://www.quintadamagnolia.com/contactos/
Ilha do Faial
Quinta das Buganvílias
Deve o nome a uma buganvília centenária que ali existe, há quase tantos anos quanto a própria quinta que lhe falamos e que nos faz perder por entre o verde, nos cerca de dois hectares de terra. Fica em Castelo Branco, no Faial e é propriedade de Manuel Brum e Luna Berarús, que em 1994 decidiram recuperar e transformar em Turismo Rural. Na família há mais de 100 anos, onde a produção de cereais, laranjas e outros frutos eram uma realidade, acabaria por se deteriorar depois do falecimento da avó de Luna. Foi então que Manuel Brum decide recuperar o património de família, numa altura em que os alojamentos turísticos rareavam na ilha do Faial.
Embora Manuel e Luna sejam os proprietários da Quinta das Buganvílias são Ana Oliveira e o marido Pedro quem gerem o espaço desde 2012. Dois lisboetas, ela arquiteta, ele engenheiro agrónomo, que decidem “mudar-se de armas e bagagens” para o Faial.
A Casa Principal, onde mora o casal conta com mais 4 quartos para alugar; a Casa de Pedra, antigo estábulo e armazém, tem quatro quartos duplos, um quarto individual, duas salas de estar e respetivas kitchenettes de apoio. Ou seja, no fundo são dois apartamentos, mas que se não forem alugados como tal, podem ser alugados os quartos individualmente e os hóspedes partilham as kitchenettes. Existe ainda um pequeno edifício que é uma atafona (antigo moinho movido com a ajuda de animais), onde está um ‘honest bar’ e a sala dos pequenos-almoços e uma esplanada.
O pequeno-almoço está incluído na tarifa e inclui sumo de laranja natural, produzida na quinta, doces caseiros feitos com as frutas que ali nascem, ovos, pão variado, muita fruta, queijos açorianos, carnes frias, manteiga, leite, café, entre outras delícias.
A apenas 9km da cidade da Horta, a 600 metros do aeroporto e a 15 km do conhecido Vulcão dos Capelinhos, a Quinta das Buganvílias é o ponto de partida para muitas visitas e aventuras, quer seja de carro, de bicicleta ou mesmo a pé. Tendo o mar e a ilha do Pico como postal no horizonte próximo, a aventura pode começar ali mesmo para quem gosta de desafios e descobrirem um pequeno segredo que a Quinta esconde…
Contactos:
- Quinta das Buganvílas, 28A.
- 9900-330 Castelo-Branco Horta, Faial
- Telm.: (+351) 918 197 755
- Tel.: (+351) 292 943 255
- E-mail: info@quintadasbuganvilias.com
- Site: http://quintadasbuganvilias.com
Quinta da Meia Eira
Susana Sebastião e Francisco Ribeiro são os proprietários da Quinta da Meia Eira, na freguesia de Castelo Branco, no Faial. Ela dos arredores de Lisboa, ele nascido na ilha, ambos engenheiros agrónomos e um projeto comum: um agroturismo, onde “Turismo e Agricultura se entrecruzam, na busca da identidade, do belo e da natureza, e da nossa vontade de viver nos Açores”.
Integrada numa área agrícola com seis hectares, a Quinta da Meia Eira começou a ser projetada na cabeça dos nossos anfitriões em 1997, ano em que decidiram regressar ao Faial e compraram as duas casas e uns terrenos agrícolas, que serviam de pastagem ao gado bovino e à produção de milho.
A verdade é que o projeto não avançou de imediato, o sismo que se fez sentir no Faial em 1998, danificou várias habitações, tendo sido necessários cinco anos para terminarem todo o processo. Em janeiro de 2003 Susana e Francisco abriam assim a Quinta da Meia Eira e os terrenos agrícolas transformaram-se aos poucos em grandes áreas de horta, pomar e um agrojardim, certificado em modo de produção biológica pelos padrões da União Europeia, onde integram conceitos de agrofloresta e de permacultura.
São alguns destes produtos que chegam à mesa dos hóspedes aquando do pequeno-almoço, incluído na estadia. Desde compotas caseiras, passando pelo mel também ali produzido, os ovos, fruta, tudo tem o carimbo dos produtos açorianos. Os hóspedes podem também experienciar as lides da terra.
Afastada da estrada principal e localizada em plena Reserva Agrícola, em frente ao mar, esta unidade de alojamento é um bálsamo para os olhos, “escondendo” pequenos recantos por toda a propriedade, onde o mais provável é que o visitante se “deixe perder” em tamanha quietude e beleza.
Com seis quartos twins e duplos, cada um deles inspirados na atmosfera da casa açoriana, mas reinventada para a vida de hoje, a Quinta da Meia Eira disponibiliza ainda dois apartamentos com tipologia T1, com um quarto e kitchenette, pensados essencialmente para quem pretende ter estadias mais prolongadas. Também aqui o pequeno-almoço está incluído.
O mobiliário e decoração dos quartos e das casas surgem da recuperação de peças e madeiras antigas, valorizando o património tradicional e evitando a construção de novo mobiliário e o seu transporte.
A Quinta dispõe ainda de uma piscina coberta com manga deslizante e cobertura exterior e “a água totalmente aquecida através do sol, com recurso a um projeto experimental baseado no princípio do efeito de estufa”, conforme se pode ler nas suas características.
As experiências na Quinta são variadas. Programas como “Visita à Quinta e Degustação de Produtos Biológicos” e “Venha ver como vivem as abelhas” são algumas das hipóteses. Fora de portas, há muito para visitar no Faial e os trilhos podem ser uma das opções. Se for esse o caso, a Quinta da Meia Eira pode preparar o lanche para o visitante levar, mediante encomenda.
Contacto:
- Quinta da Meia Eira
- Rua dos Inocentes, 1
- Castelo Branco, 9900-323 Horta
- Ilha do Faial, Açores
- Telem.: (+351) 965 435 925
- E-mail: info@meiaeira.com
- Site: https://www.meiaeira.com/