A Solférias acredita que o investimento em fam trips “tem o seu retorno”, afirma Paulo Almeida

Participar numa fam trip à ilha cabo-verdiana da Boavista, a convite da Solférias, foi uma oportunidade para, num dos escassos tempos “mortos” de um animado programa, estar à conversa com o diretor comercial do operador turístico, Paulo Almeida.
Por Fernando Borges
Que importância têm as fam trips, como a que fizemos à ilha da Boavista, para um operador turístico?
As fam trips são, acima de tudo, viagens de familiarização para os agentes de viagens seguindo o lema “conhecer melhor, para vender melhor”. Esta é a principal razão pois é completamente diferente de quando se participa numa formação, quando vemos um destino num catálogo ou na internet e o que vivenciamos, como costumo dizer, ao vivo e a cores. Realizamos estas fam trips exatamente para isso, para que os agentes de viagens conheçam in loco os destinos, os hotéis, os lugares, a sua cultura, e as excursões que se podem fazer…
Qual a maior dificuldade em organizar uma famtrip?
Ao contrário do que muita gente pensa, a maior dificuldade começa logo pela disponibilidade das pessoas porque trazer um grupo de 30 agentes de viagens numa altura destas (julho), como a fam trip que acabamos de fazer, nem sempre é fácil. Posso dizer que para esta viagem convidámos mais de 60 agências para trazer 30. Há sempre muita gente que não pode até porque há cada vez mais gente a trabalhar sozinha na agência, também pela altura em que acontece, pelo período de vendas, e porque há outras fam trips, quase em simultâneo… A primeira dificuldade é esta. Depois, com a ajuda dos parceiros vamos fazendo tudo o resto. Neste caso, como o charter é nosso, ocupámos logo à partida 30 lugares, o que não deixa de envolver alguns custos. Mas a Solférias acredita que este é um investimento que depois tem o seu retorno, pois quando as pessoas têm a oportunidade de vivenciar o destino acabam por aconselhar os clientes e vender mais facilmente esse mesmo destino.

Cabo Verde, nomeadamente as ilha do Sal e da Boavista, tem sido a grande aposta da Solférias ano após ano. Irá continuar a ser, apesar de terem novos destinos?
Sim, Cabo Verde continuará a ser a “estrela da companhia”. Foi pela ilha da Boavista que começámos, foi o destino para onde fizemos o nosso primeiro charter já faz muitos anos, mas o destino Cabo Verde como um todo continua a ter um peso muito grande nas nossas vendas e consequentemente assume uma grande importância na Solférias, sendo que com a chegada de outros destinos o “share” divide-se um bocadinho mas com Cabo Verde a vender-se cada vez mais. Ou seja, em termos de faturação, o peso deste destino continua a ser muito forte com o share a baixar um bocadinho porque com a chegada dos outros destinos há mais divisão. Mas continua a ter um papel preponderante no operador.
Cabo Verde é um destino para todos, dos 0 aos 100 anos
E como está a correr a operação Boavista?
Como disse, a Boavista foi o primeiro destino charter da Solférias, este ano temos só operação charter à saída do Porto, tendo também lugares na TAP, mas continua a ser um destino em que apostamos e onde queremos continuar a apostar. É um destino que precisa de mais conhecimento por parte do mercado e que após a pandemia caiu um bocadinho. Mas é um destino onde certamente iremos continuar a apostar, principalmente nos resorts de praia, como os hotéis da cadeia Riu, o Karamboa, o Palace e o Touareg, no Voi, que era o antigo Iberostar, e no Royal Horizon. Portanto, as nossas vendas estão centradas nestes hotéis. Isto não quer dizer que não haja clientes para o White ou para o Ouril, que são hotéis diferenciados e mais citadinos.
Foi estratégico apenas fazerem o charter à partida do Porto para a Boavista, ou tiveram outras razões para não o fazerem a partir de Lisboa?
Isso aconteceu, em primeiro lugar, porque temos a questão do aeroporto de Lisboa que está cada vez mais sobrecarregado. Portanto, a nível de slots é difícil. Claro que este charter que temos à saída do Porto poderia ser feito à saída de Lisboa, e só não é feito por falta de espaço e disponibilidade por parte do aeroporto. Portanto temos aqui algumas condicionantes.
“Cabo Verde é um destino para toda a gente, dos 8 aos 80, ou como eu costumo dizer dos 0 aos 100. E depois tem a vantagem de ser um destino relativamente perto, onde se fala o português, onde se encontra um povo completamente familiarizado com a nossa cultura e nós com a cultura deles”
Podemos olhar para a Boavista como um destino para todo o tipo de clientes?
Cabo Verde, no geral, é um destino de tudo e para todos. Tem essa particularidade. É um destino onde as famílias se encaixam perfeitamente, pois gostam de resorts com tudo incluído, onde as crianças podem ir ao bar a qualquer hora buscar os seus sumos, comer os seus gelados e os seus hambúrgueres sem que os pais estejam preocupados e onde existem os kidsclub, como no Riu Palace ou o Royal Horizon, assim como tem resorts exclusivos para adultos, como o Riu Karamboa. Portanto, Cabo Verde é um destino para toda a gente, dos 8 aos 80, ou como eu costumo dizer dos 0 aos 100. E depois tem a vantagem de ser um destino relativamente perto, onde se fala o português, onde se encontra um povo completamente familiarizado com a nossa cultura e nós com a cultura deles. Depois é só adaptar o tipo de hotel a cada pessoa que procura este destino.
É um erro dizer que o destino Cabo Verde esgota-se na Boavista, e na ilha do Sal?
Sim, é um erro. Para além destas ilhas temos circuitos e combinados para todas as outras ilhas de Cabo Verde, embora a Boavista e o Sal sejam a nossa principal aposta ao longo de todo o ano, as ilhas mais conhecidas e procuradas pelos portugueses, as ilhas tradicionalmente olhadas e procuradas como um destino de “sol e praia”. Daí termos voos especiais para estas ilhas. Mas Cabo Verde não se esgota nestas ilhas nem apenas no período de verão, é um destino de todo o ano.
Depois destes dias de (re)conhecimento da ilha da Boavista, pessoalmente o que mais o encantou na ilha da Boavista?
Uma das coisas que me encantou e que marca a diferença relativamente às outras ilhas é o facto de ser uma ilha ainda muito virgem, uma ilha com uma beleza natural diferente. Não é pela vegetação, pois é uma ilha mais árida, o que lhe dá uma beleza única e muito própria complementada por um vasto deserto de dunas perfeitas e praias realmente deslumbrantes. E depois tem pequenos restaurantes característicos em cima da praia onde se pode comer um peixinho saído diretamente do mar. Tem um pôr-do-sol fantástico como o que nos é proporcionado no restaurante-lounge Morabeza, na Praia do Estoril, tem a vida intensa que acontece em Sal Rei, oferece um vasto e diferenciado leque de excursões, como passeios em moto4 ou de jeep … E é esta diversidade de cenários e de ofertas que faz com que a ilha da Boavista seja cada vez mais procurada.
E claro, há a simpatia e a forma muito especial das suas gentes em receber quem visita a sua ilha tornando ainda mais intensa e viva essa forma de sentir e de estar que se chama “morabeza”.