A Maurícia é “um destino que pode ter potencial” mas “há ainda um grande desconhecimento no mercado”, considera Susana Fonseca

Susana Fonseca, diretora-geral da Airmet Portugal, integrou o grupo que o operador turístico Travelplan, do grupo Ávoris, convidou a visitar a Maurícia. O Turisver, que também acompanhou a viagem, falou com ela para conhecer as impressões com que ficou do destino e do que tem para oferecer a quem o visita, ao nível das praias, da cultura e das infraestruturas turísticas.
Susana, esta visita às Maurícias, correspondeu à sua expectativa?
Enquanto destino turístico sim, porém, falando da meteorologia, eu sei que estamos no hemisfério sul e que aqui neste momento é inverno, mas ainda assim, esperava que pudéssemos encontrar um tempo melhor. Não tenho certeza se se trata apenas desta semana específica, mas aguardava temperaturas um bocadinho mais elevadas. Em termos de chuva, sabia que havia a probabilidade de chover em alguns dias.
Este é um destino que deve ser vendido essencialmente como destino de praia ou algo mais que isso?
Essencialmente como destino de praia sim, mas não deixa de ser um destino riquíssimo em termos culturais, ou não houvesse aqui uma mescla enorme de culturas, de religiões que, ao que se vê, convivem muitíssimo bem, respeitam-se muitíssimo e claro, além da praia existem vários pontos que podem ser visitados, várias atividades que se podem fazer para tornar o destino ainda mais rico.
Nós vimos, quer perto dos hotéis, quer nas estradas, muitos carros de aluguer, no entanto, para o português, há aqui um pequeno problema, não é?
Sim, o facto de se conduzir do lado esquerdo da estrada e os carros terem o volante do lado oposto do nosso, pode ser uma condicionante para quem não se sente confortável a conduzir dessa forma, mas aparentemente as estradas são simples de se conduzir, o trânsito circula facilmente, portanto é uma questão de adaptação que ao final de algum tempo acho que já não será uma dificuldade.
Pelos sítios por onde andámos, sentiu-se sempre tranquila, segura?
Sempre muitíssimo segura, inclusive em Port Louis, na capital, não senti qualquer tipo de insegurança, andámos pelas ruas principais, visitámos mercados e senti que é tudo super tranquilo.
Falemos um pouquinho das praias. Nós estivemos em três zonas, no Norte, no Sudoeste e no Sul. Esperava que fossem praias tão pequenas ou que fossem praias maiores?
Bom, se calhar por ignorância minha, esperava encontrar praias maiores… Gostei sobretudo das praias da zona do Noroeste, onde ficavam aquelas que tinham maior extensão e também aquelas que, a nível de mar, apresentavam as melhores condições para quem quer nadar, mas no geral, são boas praias. O mar é incrível, é o mar do Oceano Índico, portanto, acho que conseguindo encontrar o tempo perfeito e uma boa zona de praia, o destino tem tudo para proporcionar uma excelente semana de férias a qualquer turista.
Três hotéis em destaque: Trou aux Biches, La Pirogue e C Mauritius
Outro aspeto tem a ver com a hotelaria. Nós visitámos muitos hotéis, no Norte, no Sudoeste, no Sul. Quais são os hotéis que mais destaca, aqueles que melhor serviriam ao cliente português e não iriam gerar qualquer tipo de reclamação?
De todos os hotéis que visitámos, há 3 que se destacam. O primeiro é o Trou aux Biches, onde ficámos as primeiras noites, e que a nível de qualidade coloco no primeiro lugar, não só pelas infraestruturas em si mas também pelo serviço que me pareceu excelente e pela praia que, para mim, foi a melhor de todas.
Depois, pela particularidade das infraestruturas, das casinhas de colmo, também achei o La Pirogue um hotel fantástico, no qual eu poderia perfeitamente passar uma semaninha porque achei mesmo muito interessante, muito tranquilo, e gostei muito da particularidade das infraestruturas em si.
Por último, pelo conceito algo diferente que apresenta, o C Mauritius também me pareceu muito, muito interessante, pese embora fique na costa este, onde o vento parece ser ainda mais predominante, mas gostei muito do conceito. É um hotel que tem muito a tranquilidade como mote e gostei do facto de ter zonas onde as pessoas podem ir buscar a sua comida para irem fazer piqueniques na praia, por exemplo. Achei que é muito interessante e um conceito diferente.
A Travelplan já tentou realizar uma operação charter a partir de Lisboa para este destino, para a Maurícia, e que não chegou a ser concretizada. Acha que, para a mentalidade do português, é possível fazê-lo na época em que há a disponibilidade de avião?
Eu acredito que sim, até porque esta é a época em que a maior parte dos portugueses conseguem fazer as suas férias, apesar de existir a condicionante de aqui ser inverno – esta sim, pode ser uma condicionante. Ainda assim, este é um inverno muito melhor do que o nosso, onde o sol também vai chegando, onde as temperaturas vão sendo amenas, se calhar não tão quentes como as que existem em outros destinos, nomeadamente as Caraíbas, mas isso pode ser bom para muita gente, porque nós sabemos perfeitamente que o calor das Caraíbas acaba, muitas vezes, por ser menos suportável do que o que estamos a encontrar aqui.
Portanto, eu acho que é um destino que pode ter potencial, mas penso há ainda um grande desconhecimento sobre este destino no mercado em geral, e como tal, acaba por não ser muito sugerido, mas existindo um trabalho de formação por parte do operador turístico, se calhar podem tentar novamente e serem melhor sucedidos.
“O preço pode ser um obstáculo, sim, não estamos a falar de um destino tão barato quanto isso, porém existem muitas opções a nível da hotelaria, pelo que diria que pode ser abrangente para vários tipos de carteiras”
E o preço, não é obstáculo?
O preço pode ser um obstáculo, sim, não estamos a falar de um destino tão barato quanto isso, porém existem muitas opções a nível da hotelaria, pelo que diria que pode ser abrangente para vários tipos de carteiras. Mesmo os hotéis que nós considerámos menos bons entre todos os que visitámos, parece-me que têm qualidade suficiente para se passar aqui uma boa semana de férias. Não me parece que haja qualquer tipo de condicionante em vir para um hotel de 3 estrelas, como o que nós visitámos e que tinha boas condições, portanto, o preço base do destino não é um preço mau. Claro que se queremos qualidade vamos ter que pagar bastante mais, e já poderá estar fora de mão para muitas carteiras, mas dependerá do cliente.
Agora, com mais indicações e pondo mais 10 graus em cima, este é um destino para se vender no inverno?
É um destino para se vender perfeitamente no inverno, com certeza, até porque para o português, ir para um destino via qualquer cidade europeia não é um problema – nunca foi e também não é agora que vai ser.
Este é o quarto ano consecutivo em que a Travelplan organiza uma fam trip em que a base do grupo de convidados é praticamente a mesma. É diferente viajar com este grupo?
É diferente porque nenhum de nós, na verdade, é agente de viagens, estamos aqui como representantes de redes de agências de viagens. Quando fazemos este tipo de viagens com agentes de viagens, as preocupações deles são um pouco diferentes das nossas porque eles vendem diretamente aos seus clientes e nós não.
Porém, acredito que faz sentido um grupo como este fazer este género de viagens porque nós podemos, posteriormente, transmitir as informações do destino a mais pessoas. Eles fazem o seu trabalho para a sua agência de viagens e nós, enquanto rede, podemos fazê-lo para todas as agências de cada uma das redes.
Somos todos colegas, somos todos concorrentes, é um facto, porém, é um grupo muito interessante onde partilhamos muitas “dores”, partilhamos imensa coisa em comum e acho que é muito giro que podemos fazer esta reunião anual, chamemos-lhe assim.
O Turisver participa na fam trip à Maurícia a convite da Travelplan