2023 pode trazer “uma oportunidade para Portugal”, considera Eduardo Caetano
Uma grande proximidade com os seus principais mercados emissores, acrescida do bom posicionamento da marca e do destino podem fazer com que, apesar das incertezas, 2023 traga “uma oportunidade para Portugal”. Esta foi a opinião transmitida por Eduardo Caetano, diretor executivo da Portimar, no congresso da APAVT.
“Os grandes desafios do Turismo português” foi o tema de um dos painéis do 47ºCongresso da APAVT que decorreu em Ponta Delgada, durante o qual foram abordadas as principais incertezas relativamente ao ano turístico de 2023 e se apontaram caminhos, ao nível da estruturação da oferta, do território, dos produtos e dos mercados turísticos.
Uma guerra às portas da europa, aumento da inflação, perda do poder de compra dos consumidores. São fatores que deixam algumas incertezas para o próximo ano, embora a questão da inflação não seja uma expectativa mas sim uma realidade que vai fazer voltar a aumentar o custo de fazer férias, depois de este ano a hotelaria ter já ficado cerca de 10% mais cara. Cumulativamente a isto, como constatou Eduardo Caetano, diretor executivo da Portimar, os consumidores já estão a sentir na pele a perda de perder poder de compra “não só em Portugal como nos nossos principais mercados”, o que poderá criar dificuldades, principalmente em regiões turísticas como Lisboa, Algarve ou Madeira, que são dos “destinos mais expostos aos mercados externos”.
Sem querer fazer futurologia, o diretor executivo da Portimar considerou que “isto não tem que ser forçosamente mau para Portugal” e explicou: estudos recentes apontam que “as pessoas dizem claramente que não vão deixar de fazer férias mas irão, provavelmente, reduzir o seu orçamento para férias e Portugal pode posicionar-se face a mercados concorrentes como França ou Itália, ou até Caraíbas e Ásia que são naturalmente mais caros”. Assim, poderá haver um redireccionamento de fluxos para Portugal, que além de tudo o mais “tem uma grande proximidade com os seus mercados emissores e estamos muito bem posicionados ao nível de marca e de destino” pelo que “pode haver aqui uma oportunidade para Portugal”.
Relativamente ao Algarve, e porque “não podemos alterar uma política de promoção e pensar que vamos obter resultados imediatos” frisou que o que tem sido feito “em relação a mercados mais tradicionais como o Reino Unido e a Alemanha, é ter uma relação de maior proximidade com a tour operação” através de ações de capacitação de marca junto dos operadores, dar formação sobre o destino e ações no terreno com os maiores operadores e trabalhar operadores de média dimensão que são fortes para outros destinos mas não o são tanto relativamente a Portugal ou ao Algarve” , além de “ações com companhias aéreas”.
Algarve: “Sol e praia, sim, mas também outros produtos e segmentos”
Num painel em que se falou de coesão territorial e de novos produtos turísticos, Eduardo Caetano foi inquirido sobre se o Algarve está a conseguir estender o turismo a todo o seu território ou se continua a ser só “sol e praia”, com o diretor da Portimar a começar por afirmar que “sol e praia, sim” porque “as nossas praias são das mais bonitas do mundo”, porque a região tem um ótimo clima e um ótimo mar. “Tudo isto faz parte dos eixos estratégicos e tem que ser promovido”.
Afirmando que “ainda existe muito potencial para explorar ao nível do sol e praia”, deixou no entanto claro que hoje, as Entidades Regionais de Turismo, como é o caso da Região de Turismo do Algarve, já têm uma perceção muito mais acentuada daquilo que é preciso promover em mercados de longa distância, como os Estados Unidos e o Brasil, por exemplo, indo a feiras “contactar com operadores especializados em produtos turísticos específicos” e tudo o que é definido pelo Turismo de Portugal “está já a ser aplicado”.
Isto para dizer que “sol e praia, sim, mas também outros produtos e segmentos”, nomeadamente “o golfe, que é o mais conhecido e que é promovido desde há muitos anos até pelo seu contributo para a atenuação da sazonalidade” mas também outros como “o cycling, o walking, a gastronomia”. Para que estes produtos se imponham, nomeadamente no que toca aos dois primeiros, “há estruturar a oferta, preparar os caminhos e os agentes económicos e tudo isso é trabalho que leva tempo” até porque implica uma colaboração entre os municípios.
A priori pode parecer que estruturar esta oferta é algo simples, mas não o é. Por exemplo, ao nível da gastronomia parece que não há nada que não esteja feito mas não é assim e Eduardo Caetano deixou um exemplo: “para fazer cataplanas é necessário trabalhar o latão e só havia uma pessoa no Algarve e há que capacitar gente nova para as fazer”. Considera no entanto que “estamos no bom caminho” no que concerne à estruturação da oferta.